Os defensores/as da biodiversidade e das sementes ancestrais no Peru fizeram um protesto ontem (28) no Congresso da República, para exigir a anulação do Decreto Supremo 003-2011, que permite a entrada de sementes transgênicas no país.
Integrantes de organizações como a Confederação Nacional Agrária e a Associação Nacional de Produtores Ecológicos, estiveram presentes no ato, sob o lema: "Em defesa de nossas sementes nativas, pela conservação da biodiversidade e por nossa segurança e soberania alimentar".
O protesto aproveita o momento em que a Câmara debate a Lei de Moratória de ingresso dos transgênicos. Essa manifestação faz parte de uma série de atividades que as organizações indígenas e campesinas vêm coordenando para conseguir a anulação do decreto. O objetivo é conquistar uma lei por um 'Peru Livre de Transgênicos’ e apoiar o Pacto pela segurança e soberania alimentar no país.
As entidades organizadas pela Coordenadora Latino-Americana de Organizações do Campo - Via Campesina explicam que as sementes nativas correm o risco de desaparecer e de serem contaminadas. Na convocatória para o protesto de hoje, agricultores, ecologistas e campesinos desmentem um comunicado divulgado pelo Ministério da Agricultura que diz que a biotecnologia contribuirá para solucionar o problema de abastecimento de alimentos.
"Isto é mentira, nós como agricultores sabemos que as sementes transgênicas empobrecem a terra e sua colheita é por única vez, o que requer que novamente se comprem estas sementes, assim como os alimentos produzidos com estes transgênicos. Está claro que por trás deste decreto supremo existem interesses econômicos de por meio e corrupção promovidos diretamente pela Monsanto", expressa a Via Campesina.
Na última terça-feira (26), a Convenção Nacional de Agro Peruano (Conveagro) realizou uma coletiva de imprensa para falar sobre este decreto do governo. Eles também exigiram a anulação da norma alegando que ela é 'imprudente e prejudicial'. Sob o ponto de vista dos manifestantes os transgênicos põem em risco a agricultura convencional e orgânica, a agrobiodiversidade, a gastronomia, a saúde humana, o ambiente e a soberania do povo. Depois da coletiva com a imprensa, as organizações que apoiam a causa realizaram uma marcha com destino ao Ministério da Agricultura, contra os transgênicos.
As organizações campesinas questionam o Decreto Supremo 003/2011 porque ele abre as portas do país às sementes transgênicas, o que põe em risco a biodiversidade do território. Além disso, segundo eles, o decreto é contrário à Lei de Biosegurança (Lei nº 27014).
Não tendo qualquer resposta sobre seus protestos, as organizações indígenas e campesinas planejam fazer uma grande mobilização nacional, em todas as bases e regiões do país, para continuar defendendo a agricultura sem transgênicos.
(Com informações de Via Campesina e Servindi, 29/04/2011)