Aniversário da associação foi festejado, nesta semana, em Porto Alegre
Com uma história rica, a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) celebrou 40 anos, na última quarta-feira de olho no futuro. A entidade, fundada por José Lutzenberger e Augusto Carneiro para combater a poda indiscriminada de árvores e incentivar a criação de praças e parques, tem hoje entre suas prioridades a luta contra o novo Código Florestal Brasileiro e o combate à energia nuclear e ao aquecimento global.
O aniversário de quatro décadas da instituição foi celebrado, nesta semana, com uma confraternização entre associados, conselheiros e simpatizantes da causa. Outras atividades serão desenvolvidas ao longo do ano. Para o advogado Eduardo Finardi, presidente da Agapan, desde 2009, a importância da entidade torna-se mais clara ao ser analisada 40 anos após as primeiras manifestações. "Começou com Augusto Carneiro mobilizando-se pela poda indiscriminada de árvores em Porto Alegre. Hoje a cidade é uma das capitais mais arborizadas do país", observa.
Ações como a defesa das árvores situadas em frente à Faculdade de Direito da Ufrgs, em 1975 - quando o militante Carlos Dayrell subiu em uma tipuana para evitar sua derrubada - e a subida na chaminé da Usina do Gasômetro, em 1988, tornaram-se símbolos do movimento ambientalista. "Continuamos na mesma luta. Sempre mantivemos contato com todos os poderes com o objetivo de diminuir a devastação", explica Finardi.
Alvo de críticas da Agapan, o novo Código Florestal defendido pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) é, segundo o presidente da entidade, trágico para o meio ambiente. "Ele reduz pela metade a distância obrigatória de manutenção de mata na beira dos rios, o que atinge também o ambiente urbano", ressalta Finardi. A emissão de gás carbônico, por sua vez, é apontada como responsável pelo aquecimento global e por uma série de catástrofes climáticas recentes. "O CO2 é um gás isolante. Ele impede que o calor que chega à Terra volte em um nível adequado para o espaço. Então, esse calor vai esquentando o planeta graças à queima de combustíveis fósseis", afirma o presidente.
Apesar de suas ações extrapolarem os limites de Porto Alegre, a cidade em que a Agapan foi fundada continua a receber atenção especial dos ambientalistas. Em conformidade com o lema do ambientalismo - "pensar global e agir local" -, a associação tem hoje, entre suas maiores preocupações, a ocupação da orla do Guaíba. A entidade é contra a execução dos projetos do Cais Mauá e Pontal do Estaleiro. "A tendência é a ocupação da orla por prédios, o que não podemos admitir", ressalta Finardi.
(Correio do Povo, 29/04/2011)