Para enfrentar as mudanças climáticas e o pico do petróleo (taxa máxima de produção petrolífera a nível global), os aglomerados urbanos terão de se transformar. É nisso que acredita o Movimento Cidades em Transição, criado há pouco mais de três anos e que começa a ganhar adeptos no Brasil.
A ideia consiste em pensar em novas ações para vilas, bairros ou cidades de forma participativa e com o foco na redução das emissões de carbono. Paulista radicada na Escócia há 19 anos, a socióloga e consultora May East vive na ecovila Findhorn e viaja o mundo para disseminar o conceito internacionalmente conhecido como Transitions Towns.
Pelo terceiro ano, o curso de Design em Sustentabilidade, realizado pelo Educação Gaia Sul em Porto Alegre, coloca o futuro das cidades e, dessa forma, o Movimento Cidades em Transição, na pauta das discussões.
– A ideia é fazer um mapeamento econômico do local e descobrir as oportunidades para empresas sociais – esclarece May.
As empresas sociais desenvolvidas depois da análise podem ser de todo tipo, de padaria até oficina de conserto de bicicleta. Em comum, está o foco social ao lado do lucro. Importante, também, é a ideia de reduzir a dependência de combustíveis fósseis e transformar as cidades em locais melhores para se viver. Hoje, cerca de 300 localidades são adeptas do movimento, enquanto outras 8 mil, espalhadas pelo mundo, estão se adaptando.
A mobilização brasileira chama atenção no contexto internacional. Já há experiências em Estados como São Paulo e Espírito Santo. Enquanto isso, cerca de outras 20 estão aderindo em apenas um ano de divulgação da causa. Para May East, um fator é diferencial em terras brasileiras.
– Temos iniciativas em regiões de baixa renda e em bairros de classe A, o que mostra grande possibilidade de expansão da ideia. Faz pouco mais de um ano que iniciamos o processo aqui e já temos entre 20 e 30 iniciativas. Esse número é considerado um grande boom – afirma.
(O Pioneiro, 28/04/2011)