Mesmo focado no crescimento e na eliminação da pobreza, o Brasil já tem iniciativas sustentáveis, segundo subsecretário-geral das Nações Unidas
O Brasil tem condições privilegiadas para liderar a conferência Rio+20, que será sediada no Rio de Janeiro no ano que vem, assumindo papel de destaque nas discussões em torno de novo padrão de desenvolvimento, baseado na economia verde. A avaliação foi feita pelo subsecretário-geral das Nações Unidas, Achim Steiner, em audiência ontem na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA).
Steiner, que também é o diretor executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), admitiu que o Brasil ainda necessita dirigir o foco de suas políticas ao crescimento econômico, por possuir grande número de pobres. No entanto, ele ressalvou que o país busca isso já atuando na transição para o desenvolvimento sustentável, ainda que de forma incompleta. Como exemplo positivo, ele destacou que 46% de toda a energia produzida no Brasil provém de fontes renováveis. Também citou o crescimento das práticas de reciclagem de plásticos e outros materiais.
— São exemplos de iniciativas de economia verde que podem ser implementados em qualquer país e o Brasil já está nesta trilha há alguns anos — afirmou.
Por sugestão do presidente da CMA, senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), a audiência foi realizada para debater as perspectivas da economia verde no Brasil e no mundo, tratar da realização da Conferência Rio+20 em 2012 e discutir sob o ponto de vista da sustentabilidade os dois grandes eventos esportivos programados para o Brasil: a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
Caminho longo
Na avaliação de Steiner, as nações continuam buscando o desenvolvimento de forma antiga. No entanto, ele acredita que, pela primeira vez na história, os seres humanos possuem meios para produzir e consumir sem causar tantos impactos sobre os ecossistemas. De todo modo, o diretor do Pnuma reconhece que a caminhada para um padrão de desenvolvimento sustentável no mundo ainda será longa.
Segundo ele, o desafio será conciliar desenvolvimento sem poluição com produção de energia, bens e alimentos de forma limpa, mas não apenas isso. O entendimento é de que a sustentabilidade envolve também aspectos sociais, sobretudo a segurança alimentar e a provisão de empregos para os indivíduos em escala global.
O diretor executivo do Pnuma disse que outro pilar da economia verde é a busca pela eficiência no aproveitamento dos recursos naturais. Como observou Achim Steiner, aproximadamente um terço de toda a comida produzida é descartada nas lixeiras.
(Agência Senado, 27/04/2011)