Para o prefeito de Angra dos Reis, Tuca Jordão, o tema deveria ganhar disciplina obrigatória nas escolas
Toda a mão de obra usina de Angra 3, prevista para ficar pronta em 2015, mora em uma vila planejada na praia Brava, financiada pela Eletronuclear. Entre técnicos, engenheiros, médicos, operários, entre outros, todos recebem uma casa e moram enquanto trabalham para a construção da usina. Da praia, a 3km da central nuclear, dá pra ver o canteiro de obras.
Às 10h da manhã toca uma sirene, mas não o teste para acidentes nucleares: é o sinal de intervalo do colégio público Roberto Montenegro, em frente à praia. Os alunos se espalham pela orla e lancham. Um deles é Ronaldo Parkutz, 17 anos, que está no terceiro colegial. Ronaldo mora no Frade e estuda na Brava: seu dia-a-dia é de proximidade com as usinas. Apesar disso, o aluno admite não discutir muito sobre energia nuclear em casa e na escola. “As pessoas da região fingem que a usina nem está lá. Todo mundo é muito certo de que um acidente como o de Fukushima nunca vai acontecer aqui, há muita segurança nisso.”
A diretora do colégio, Ana Lúcia Teixeira Costa, concorda com o aluno no que diz respeito à segurança, mas acredita que a discussão é fundamental. Nas paredes da escola, há muitos trabalhos de alunos sobre energia nuclear: diagramas desenhados a caneta hidrocor em cartolina listam as vantagens e desvantagens da matriz energética. “Fazemos atividades disciplinares para a discussão, e a Eletronuclear organiza comitês com os moradores. É claro que há risco, mas se eu não acreditasse na segurança das usinas, não estaria aqui nem promoveria essa discussão entre os meus alunos.” Ana Lúcia conta que o seu marido, Luiz Antônio da Silva Costa, trabalha na central nuclear como operador desde o início da construção de Angra 1, em 1972.
(Estadão, 27/04/2011)