No ano de 2010 aconteceram 1.184 conflitos no campo, sendo que desses 34 resultaram em assassinato de lideranças. A maioria deles (30) aconteceu na região Norte do país, sendo que o Pará foi o campeão. No Estado morreram 18 lideranças do campo. As outras mortes acontecerão no Nordeste (12) e uma no sudeste.
Os dados são do relatório "Conflitos no Campo", divulgado hoje (20) pelo Comissão Pastoral da Terra (CPT).
"O que é triste constatar é que nove dos 18 assassinatos no Pará envolveram trabalhadores contra trabalhadores, casos da Fazenda Vale do Rio Cristalino e do Assentamento Rio Cururuí. Uma violência que esconde os reais responsáveis pela tragédia. Desavenças entre trabalhadores são geradas pelos interesses do capital, sobretudo das madeireiras.", diz o relatório.
Também foram registrados conflitos na região de Anapu (PA). De um lado, os assentados do PDS Esperança, criado por Irmã Dorothy, que bloquearam estradas para evitar a saída de madeira extraída ilegalmente da área. Do outro, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais que defende a extração da madeira. Mas por trás destes estava o interesse das madeireiras.
A Coordenação Nacional da CPT emitiu nota sobre este conflito em que afirma "Os interesses econômicos, com seu olhar focado exclusivamente no lucro, recusa-se a ver outras dimensões e valores da natureza e utiliza diversos estratagemas para minar a resistência popular, inclusive jogando trabalhadores contra trabalhadores.". Na opinião dos responsáveis pelo relatório esta é a lógica que sustenta os conflitos nas áreas da Fazenda Vale do Rio Cristalino e do Assentamento Rio Cururuí.
O documento também destaca o Estado do Maranhão que apresentou crescimento no número de assassinatos. Em 2010 foram assassinados quatro trabalhadores, 300% a mais que em 2009, quando foi registrado um assassinato.
Violência
No total foram registrados, no ano de 2010, 1.186 conflitos no campo brasileiro, dois a mais do que em 2009, 1.184. Este crescimento se deu pelo número de conflitos registrados no Nordeste, que passaram de 320, em 2009, para 440, em 2010, um aumento de 37,5%.
Além dos assassinatos, em 2010 foram registradas 55 tentativas de assassinato, 125 pessoas receberam ameaças de morte, 4 foram torturadas, 88 presas e 90 agredidas.
(Amazonia.org, 25/04/2011)