Em audiência na Comissão de Direitos Humanos, caciques defendem combate efetivo ao contrabando de minérios, ao narcotráfico e à negligência na proteção de fronteiras
Queixa geral de povos indígenas contra a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a favor da exoneração do seu presidente, Márcio Augusto Freitas de Meira, marcaram ontem, Dia do Índio, a audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) destinada a encontrar soluções para as dificuldades enfrentadas por esses povos.
— Estamos vivos e estamos resistindo — afirmou o cacique Arão da Providência, criticando as políticas conduzidas pelo governo nessa área.
O cacique Celestino Xavante se disse indignado com as dificuldades vividas pelos indígenas "e nunca solucionadas pelos órgãos governamentais". Como ele, a ianomâmi Marilena Macuxi protestou por melhores condições de vida nas aldeias.
O cacique Álvaro Tukano defendeu um combate mais efetivo ao narcotráfico, ao contrabando de minérios e à negligência na proteção das fronteiras.
— Quando o Estado, o presidente da Funai, se omite e não consulta as lideranças indígenas, viola os nossos direitos constitucionais. E é isso o que o governo tem feito. Não conversa com as lideranças indígenas — afirmou.
"Índio não é peça de museu", afirmou o senador Wellington Dias (PT-PI), descendente de indígenas. Ele destacou que "há índios e índias espalhados pelo Brasil em condições de serem os líderes do seu destino e que não querem ser visitados por escolas como bichos estranhos".
— Que eles possam ser parte na construção do Brasil — disse.
No encontro, as lideranças indígenas defenderam sugestão de Vicentinho Alves (PR-TO) de criação da Secretaria Nacional dos Povos Indígenas, para substituir a Funai.
A iniciativa da audiência foi do presidente da CDH, Paulo Paim (PT-RS).
(Senado, 20/04/2011)