Moradora do bairro Pôr-do-Sol, Maria Bernardete dos Santos, 55 anos, tomou um susto na noite de segunda-feira. Segundo ela, houve um forte tremor de terra por volta das 22h15min.
– Deu um estrondo, tipo uma detonação muito forte. Todo o bairro ouviu – conta.
Moradores de outros bairros da Zona Norte, como Fátima, São José, Santa Fé e Pioneiro, também dizem ter sentido a terra se movimentar. De acordo com o relato de Maria Bernardete, cuja casa fica na esquina das ruas Belmiro Zanrosso e Pedro Busatto, ela estava indo para a área de serviço quando sentiu a vibração:
– Meu marido e meus filhos também estavam em casa. Tremeu tudo: janelas, computador. Pensamos que tivesse dado uma batida de carro na rua.
Há cerca de dois anos, afirma a dona de casa, o fenômeno também foi verificado. Foi por volta das 4h50min. Nesta segunda-feira, segundo ela, o tremor foi bem mais intenso.
– Minha casa está toda trincada. É assustador.
A Brigada Militar (BM) recebeu chamados de moradores da Rua Antônio Venanci Guarezzi, no Pôr-do-Sol, informando sobre o fenômeno. Acionado pela BM, o Corpo de Bombeiros conferiu residências dos bairros Pioneiro e Pôr-do-Sol e não constatou nenhum problema.
– Nossa função é checar se as casas estão em condições de habitabilidade. Não verificamos nada de anormal – explica o comandante do Corpo de Bombeiros, Marcio Leandro da Silva.
Sismógrafo regional não registrou fenômeno
O Instituto de Astronomia Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP) analisou a transmissão dos dados do sismógrafo instalado em Canela e constatou que o tremor não foi detectado. Técnico em sismologia do IAG, José Roberto Barbosa acredita que o fenômeno ocorrido em Caxias foi microtremor de magnitude inferior a um ponto na escala Richter. Como a intensidade foi muito pequena, não foi registrado.
– Como a estação fica a mais de 10 quilômetros de distância do acontecimento, o aparelho não foi capaz de registrar. Não podemos diagnosticar com clareza o que realmente aconteceu – explica.
O equipamento funciona há 10 dias. Todos os registros são passados simultaneamente para o IAG. A estação de monitoramento de Canela integra uma rede criada para monitorar a atividade sísmica em todo o país, financiada pela Petrobras. No Estado, também serão instalados sismógrafos em Pedras Altas, Caçapava do Sul e São Luiz Gonzaga.
Canela foi escolhida para sediar a base sismográfica da IAG-USP por ser uma cidade tranquila. No ano passado, um estudo realizado pelas instituições constatou que Caxias do Sul não era adequada a receber o equipamento por possuir fábricas que emitem ruídos altíssimos. Naquela época, o professor de Geologia e Sismologia da universidade Afonso Vasconcelos explicou que os sismógrafos são aparelhos muitos sensíveis e os barulhos produzidos por uma cidade grande como Caxias poderiam interferir nos registros do aparelho.
(O Pioneiro, 20/04/2011)