O nascimento de um segundo puma na última terça-feira, três dias depois de seu irmão, intriga especialistas em reprodução animal, que dizem não haver conhecimento de um parto de felinos de grande porte com intervalo tão grande entre um filhote e outro.
– Chama atenção porque o trabalho de parto dura, às vezes, 12 ou 15 horas. Quando um feto fica retido no ventre, normalmente nasce morto. É um caso a ser acompanhado e estudado – diz o médico veterinário Nei Moreira, pesquisador da área de reprodução de felídeos selvagens da Universidade Federal do Paraná.
Pela raridade da gestação e o insucesso com o primeiro filhote, o segundo puma foi afastado da mãe imediatamente e está sendo cuidado no hospital veterinário do zoológico. O primeiro animal foi rejeitado pela mãe e acabou morrendo
– Eu levei um susto quando encontrei o segundo filhote. Pensei: que explicação vou dar agora? – lembra o veterinário Rafael Pagani, que viu o segundo filhote junto à mãe, por volta das 7h de terça-feira, na baia onde a fêmea passa a noite.
O veterinário e outros três profissionais do zoo são agora pais e mães improvisados do pequeno puma. De duas em duas horas, alguém está a postos com uma mamadeira para alimentá-lo com leite especial para carnívoros. Desde o nascimento até ontem, o leite fez o filhote ganhar 146 gramas. Nascido com 484 gramas, ele é um pouco maior do que seu irmão falecido. Está mais ativo e, mesmo com os olhos ainda fechados, ensaia os primeiros passos na incubadora. Exames colhidos do filhote morto agora vão se juntar ao material genético do segundo e de exames que serão feitos na mãe para servirem de pesquisa.
– Fomos contatados por universidades interessadas em pesquisar essa gestação atípica. Essa é também a função do zoológico: colaborar para o desenvolvimento científico. Isso poderia ter acontecido em vida livre e ninguém ficaria sabendo – justifica o veterinário.
(O Pioneiro, 15/04/2011)