Cerca de 500 sem-terra exigem liberação de verbas para assentamentos
Os cerca de 500 assentados, vinculados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), que na terça-feira invadiram a área de estacionamento da sede do Incra, em Porto Alegre, decidiram ontem pela manutenção da ocupação. Eles exigem a liberação de recursos para reestruturação e qualificação de cerca de 300 assentamentos existentes no Rio Grande do Sul.
"Também queremos soluções imediatas para problemas envolvendo rodovias, habitação e assistência técnica, além da implantação de um programa de incentivo à agroindústria da agricultura familiar", disse Cedenir de Oliveira, da coordenação estadual do MST. Segundo ele, existem 14 mil famílias vivendo em assentamentos no Estado. A mobilização integra o calendário de atividades do "Abril Vermelho", editado há alguns anos pelo MST para também lembrar o massacre de Eldorado dos Carajás.
Oliveira afirmou ainda que existem mil famílias aguardando por lotes de terra acampadas em vários pontos do Estado. O governador Tarso Genro propôs a criação de um cronograma que possibilite o assentamento das mil famílias. Tarso garantiu, ainda, a negociação com o governo federal para agilizar o processo.
O governo também se compromete a formalizar um convênio com o Incra para o assentamento de mil famílias. O acordo prevê a formalização de um termo de cooperação para identificar e negociar áreas, assentar 53 famílias na Fazenda Palermo, em São Borja, outras 45 famílias na Fazenda Santa Verônica, em Santa Margarida do Sul, e a aquisição de uma propriedade rural, localizada na Metade Norte.
O chefe da Casa Civil, Carlos Pestana, afirmou que apesar da atual administração estar trabalhando com um orçamento elaborado na gestão anterior, há um comprometimento político com a reforma agrária e com o assentamento dessas famílias.
Já na Fazenda Coqueiros, da família Guerra, os 550 sem-terra, deixaram ontem o local, após receberem intimação judicial.
De acordo com Luciana da Rosa, da coordenação estadual do MST, caso o governo não cumpra o prometido, em dois meses, as famílias voltarão a se mobilizar e ocupar áreas no Estado.
(Correio do Povo, 14/04/2011)