O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) invadiu ontem pela 13ª vez a Fazenda Coqueiros, em Coqueiros do Sul, no Norte gaúcho. Além disso, também foi invadida a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Porto Alegre.
Conforme o site oficial do MST, as manifestações integram a jornada nacional de lutas de abril, que acontece todos os anos, para lembrar o Massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido há 15 anos no Pará, e também para reivindicar a reforma agrária.
No Rio Grande do Sul, os sem-terra exigem do governo Federal o assentamento, nas regiões Norte e metropolitana de Porto Alegre, das mil famílias acampadas no Estado. Os agricultores também reivindicam a recomposição do orçamento do Incra para implementar os programas federais nos assentamentos, ações urgentes a fim de minimizar os efeitos da estiagem nos assentamentos da região Sul gaúcha e a renegociação das dívidas.
De acordo com informações do MST, especificamente para os assentamentos da região de São Gabriel, os sem-terra exigem investimento na saúde e educação, construção de estradas e o acesso ao crédito para a produção. “Desde que foram assentadas na região, em 2008, as famílias ainda não conseguiram acessar nenhum crédito para o plantio”, diz o movimento.
Do governo estadual, o MST quer uma resposta à pauta de reivindicações entregue ao governo Tarso Genro ainda no mês de fevereiro. Até o momento, o governo não se posicionou sobre as questões.
Farsul alerta ruralistas
O vice-presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira, afirmou, ontem, que a entidade está preocupada com a movimentação do MST no Estado. Para ele, está ocorrendo uma forte provocação no tema fundiário com as invasões. Pereira ressaltou que na primeira invasão de terra do governo Tarso Genro, a fazenda Palermo, em São Borja, em 21 de março deste ano, o governo do Estado desocupou a área em 48 horas. “Esperamos agora, na fazenda Coqueiros, em Coqueiros do Sul, a mesma agilidade”, disse o bajeense.
O presidente da Comissão Fundiária da Farsul, o também bajeense, Paulo Ricardo Dias, informou ao Jornal MINUANO que os produtores estão monitorando todos os passos dos sem-terra.
Dias criticou a postura do governo do Estado, porque segundo ele, o MST anunciou que iria invadir a Fazenda Coqueiros e não foi feito nada. “Entendemos como uma certa permissão, ficamos indignados com isso”, falou.
O presidente da comissão ressaltou que o movimento Alerta Verde dos produtores rurais desencadeado em Bagé, que é um contraponto ao Abril Vermelho do MST, se expandiu em todo o Rio Grande do Sul. “O alerta é para os produtores redobrarem a vigilância principalmente onde tem assentamentos,”, justifica Dias. Além disso, o dirigente comentou que os produtores vão cobrar ações efetivas por parte do governo do Estado.
(O Minuano, 13/04/2011)