O consórcio construtor da usina hidrelétrica Santo Antônio, localizada no rio Madeira, em Rondônia, avalia o impacto da parada de 16 dias no cronograma da obra, para definir medidas compensatórias, caso tenha havido prejuízo no cumprimento da meta de colocar a primeira turbina em operação no final do ano.
"A questão faz parte da pauta de negociação", observou o diretor de montagem, Miguel Senna Figueiredo, referindo-se às negociações trabalhistas em andamento, após o retorno dos trabalhadores ao canteiro de obras, no último dia 4 de abril. A paralisação havia iniciado em 18 de março. De acordo com Figueiredo, se houver impacto negativo, serão adotadas alternativas como novas contratações, como o aumento na jornada de trabalho ou a ampliação no parque de máquinas. "Ninguém pode ter prejuízo", considerou o diretor.
A usina está no pico da obra, com quase 20 mil trabalhadores em atividade e 51% da parte física já concluída, após dois anos e meio de trabalhos. Esse estágio é o equivalente à terceira etapa do cronograma, que prevê a produção de energia já em dezembro deste ano, quando entrará em operação uma das oito turbinas que compõem o primeiro grupo de geração, cada uma com capacidade para 71 MW/hora. Até maio de 2012, todas as oito estarão operando. O prazo total para a instalação da usina foi previsto em 90 meses, sendo que ao fim dos primeiros 48 meses, deverá estar pronta a primeira unidade.
Quando os quatro grupos geradores estiverem concluídos, no final de 2015, a UHE Santo Antônio terá potência instalada de 3.150 MW, dos quais 2.218 MW serão de energia firme (efetivamente gerada). A potência corresponde a 4% da geração total de energia no país, suficiente para atender 11 milhões de residências ou 40 milhões de pessoas.
O investimento de R$ 15 bilhões poderá ser ampliado em cerca de R$ 650 milhões, com a inclusão de mais quatro turbinas às 44 previstas. Um estudo nesse sentido foi encaminhado à Aneel. Agora, a empresa Santo Antônio Energia, dona do empreendimento, trabalha na modelagem financeira da expansão, que será incluída no quarto grupo gerador, o último a entrar em operação.
A Santo Antônio Energia é formada pelas empresas Odebrecht - que também faz parte do consórcio executor da obra -, Andrade Gutierrez, Furnas, Cemig e pelos fundos de investimento Banif e FGTS. Localizada a 10 quilômetros de Porto Velho (RO) e a 1,063 quilômetro da foz do rio Madeira, a usina trabalhará com um reservatório de 271 km².
(Correio do Povo, 12/04/2011)