Porto Alegre está próximo de atingir uma estatística preocupante no trânsito. A frota de automóveis em breve pode alcançar um carro para cada dois habitantes. Os motoristas sofrem no cotidiano perdendo preciosos minutos em congestionamentos para percorrer distâncias curtas.
Considerando essa realidade, a cidade deve ganhar, nos próximos anos, corredores rápidos de ônibus e há projeto para ligar a Capital e Guaíba por transporte fluvial, além de poder sair do papel a sonhada linha 2 do metrô.
Conhecido como Bus Rapid Transit (BRT), esse corredor de ônibus rápido se trata de uma faixa exclusiva em que o embarque é realizado fora do veículo. O sistema será implantado em Porto Alegre nas zonas Norte e Leste da cidade. Os projetos estão incluídos entre as melhorias de mobilidade urbana previstas para a Copa do Mundo de 2014. Para a zona Sul, está previsto BRT na avenida Tronco, que vai até o bairro Cristal.
O professor de engenharia e especialista em trânsito, Mauri Panitz, ressalta que, sozinho, o BRT não resolve os problemas de trânsito da Capital. "A zona Sul não conta com uma via rápida onde os carros possam circular a pelo menos 80 km/h. O caminho hoje é cheio de obstáculos", afirmou o engenheiro.
O gerente da empresa STS, Antonio Augusto Lovatto, responsável pelo transporte coletivo para a zona Sul, lembrou que, para as principais avenidas da região, não existem projetos de ampliação. "A Cavalhada, nos horários de pico, tem um fluxo de passageiros suficiente que justificaria um projeto de BRT", apontou.
No entanto, soluções para melhorar os problemas de trânsito de Porto Alegre existem. "A área portuária poderia ser melhor aproveitada, ainda mais com a duplicação da Edvaldo Pereira Paiva, resultando em uma ligação de toda a orla com a BR 116 e a BR 290", sugeriu Panitz, que ressaltou a necessidade de planejamento na área de transportes.
"Os diferentes meios precisam ser integrados. Há quanto tempo a cidade espera pelo transporte fluvial, que agora vai demorar ainda mais. Uma viagem entre o Centro e Belém Novo poderia ser feita em um terço do tempo, pelo Guaíba, do que é realizada de automóvel", disse.
O engenheiro reforçou que as ciclovias também devem fazer parte dos projetos de trânsito das metrópoles. "Não adianta uma faixa onde as bicicletas andem junto com os carros. É preciso separá-los e dotar a cidade de infraestrutura de bicicletários em shoppings, parques e praças", acrescentou.
(Correio do Povo, 04/04/2011)