As turbinas de vento para geração de energia eólica representam uma grande ameaça para as populações de morcegos, o que pode ocasionar perdas bilionárias para a agricultura, alerta um artigo publicado na edição desta sexta-feira da revista científica "Science".
O estudo, conduzido por uma equipe de pesquisadores americanos e sul-africanos, sugere que a diminuição da população de morcegos na América do Norte poderia gerar prejuízos agrícolas de mais de US$ 3,7 bilhões por ano, podendo atingir até US$ 53 bilhões anuais.
"Essas estimativas incluem a economia de aplicações de pesticida que não são necessárias para controlar os insetos hoje consumidos pelos morcegos. Entretanto, não incluem o impacto colateral dos pesticidas sobre os seres humanos, animais domésticos e selvagens e o ambiente", explicou um dos autores do estudo, Gary McCracken, da Universidade do Tennessee, em Knoxville (USA).
"Sem os morcegos, a produtividade das colheitas é afetada. As aplicações de pesticidas aumentam. As estimativas claramente mostram o imenso potencial dos morcegos de influenciar a economia da agricultura e das florestas."
PERDA DE DIVERSIDADE
Os morcegos são predadores de insetos noturnos, entre os quais, espécies que destroem colheitas e florestas.
Segundo os pesquisadores, uma única colônia de cerca de 150 morcegos adultos no Estado americano de Indiana consumiu quase 1,3 milhão de insetos em um único ano.
Mas, desde 2006, mais de um milhão de morcegos já morreram em decorrência da chamada "síndrome do nariz branco", causada por um fungo.
Mais recentemente, estudos têm alertado para a ameaça contra esses animais representada por turbinas de geração eólica, sobretudo durante o período de migração.
Embora alguns sejam afetados por golpes diretos desferidos pelas hélices das turbinas, a principal causa de morte é a queda repentina de pressão próxima dessas estruturas, que ocasiona hemorragias internas.
Os morcegos se orientam por uma espécie de sexto sentido que os guia pelo som dos ecos, a ecolocalização. Isso permite que eles detectem obstáculos e desviem deles, mas a mudança de pressão é imperceptível.
"São necessários esforços urgentes para educar o público e os formuladores de políticas públicas sobre a importância ecológica e econômica dos morcegos insetívoros, e prover soluções práticas de conservação", sustenta o artigo.
(BBC Brasil, Folha.com, 04/04/2011)