A companhia Tokyo Electric Power (Tepco), proprietária da usina Daiichi, em Fukushima, afirmou ontem que pode fechar permanentemente quatro reatores dessa usina. O porta-voz do governo, Yukio Edano, disse que os reatores 5 e 6, que também apresentam problemas, serão permanentemente fechados, segundo a agência Kyodo. No mesmo dia, os níveis de radiação no oceano adjacente à usina atingiram índices recordes.
“Haverá pouca chance a não ser fechar os reatores de 1 a 4”, disse o presidente da Tepco, Katsumata Tsunehisa, em entrevista coletiva. Segundo ele, o destino dos outros dois reatores deve ser decidido em conversas com o governo e as comunidades próximas. Já Edano afirmou que os reatores 5 e 6 também serão fechados, mesmo que eles não tenham apresentado danos.
Pela primeira vez, o porta-voz da Agência de Segurança Industrial e Nuclear, Hidehiko Nishiyama, afirmou que existe a possibilidade de que água radioativa esteja vazando dos tanques de pressão dos reatores danificados. As barras de combustível dos reatores 1, 2 e 3 permanecem parcialmente expostas, apesar da grande quantidade de água usada para resfriar os reatores e controlar a situação.
Além disso, teme-se que a água contaminada tenha escapado para o solo e o oceano, aumentando a possibilidade de um grande desastre ambiental. O nível de iodo radioativo encontrado na água do mar, 300 metros ao Sul da usina, é 3.355 vezes superior ao limite legal, informou a agência de segurança japonesa. É o pior nível já registrado nessa área. Segundo Nishiyama, essa radiação não representa um risco para a população, pois se dissipa rapidamente.
Acredita-se também que o material radioativo esteja escapando pelo ar, ainda que em menor proporção. A água dos reatores danificados esquenta e vira vapor, escapando por válvulas, canos e ventiladores danificados. Segundo o porta-voz da agência de segurança, a água menos radioativa deve ser transferida para outros tanques, para que seja bombeada a água mais radioativa até o tanque usado para condensação do vapor, normalmente utilizado para resfriar o vapor nas usinas.
A retirada da água é essencial para que o sistema de resfriamento possa voltar a funcionar, estabilizando a usina a longo prazo. A crise começou em 11 de março, com o violento terremoto e o tsunami que atingiram o Nordeste do Japão e danificaram a usina.
Em outro anúncio, a Tepco informou que havia fumaça saindo da sala da turbina da usina Daini, a 11 quilômetros da de Fukushima. A usina Daini também está paralisada e, segundo a empresa, a fumaça deve ser fruto de um problema em um circuito elétrico. A agência de segurança nuclear, porém, afirmou que não havia risco de vazamento radioativo nesse caso.
(JC-RS, 31/03/2011)