O problema com a energia nuclear enfrentado atualmente pelo Japão fez com que se intensificasse o debate sobre a expansão dessa fonte no Brasil. O diretor-presidente da Companhia Riograndense de Mineração (CRM), Elifas Simas, argumenta que essa questão fará com que o País avalie melhor a utilização do carvão gaúcho para a produção de eletricidade.
"A matriz energética mundial será repensada", prevê Simas. Ele aponta que não é somente o minério que deverá ser considerado, mas fontes como a eólica e biomassa (queima de matéria orgânica) também deverão ser aproveitadas. O dirigente enfatiza que o aproveitamento do carvão seria fundamental para o Rio Grande do Sul, que concentra cerca de 90% das reservas do mineral no Brasil. Outro ponto ressaltado por ele é que a geração térmica possibilitará que a economia não pare de crescer devido a problemas energéticos.
O presidente da CRM adianta que pelo menos cinco projetos termelétricos a carvão estão encaminhados para serem instalados no Rio Grande do Sul. Esses empreendimentos absorveriam investimentos na ordem de R$ 8 bilhões e totalizariam 2,55 mil MW de capacidade (cerca de 60% da demanda média de energia do Estado). Para esses complexos saírem do papel, eles precisarão garantir a comercialização de energia. O mecanismo mais comum atualmente para viabilizar essa situação são os leilões promovidos pelo governo federal para atender à demanda do sistema elétrico nacional. Simas informa que o governo gaúcho reivindicará à União a realização de certames periódicos que contemplem a geração a carvão.
O dirigente admite que o uso do minério implica impactos ambientais, porém ressalta que existem tecnologias que amenizam esse reflexo. Nesse sentido, a CRM pretende construir uma planta-piloto de beneficiamento de carvão a seco na mina de Candiota. O sistema será baseado em tecnologia utilizada na Alemanha e buscará diminuir as emissões de gases e cinzas na queima do insumo, além de aumentar o seu poder calorífico. O edital para realizar a iniciativa deverá ser lançado ainda neste primeiro semestre. O custo da ação ficará em torno de R$ 10 milhões e o complexo terá uma capacidade para tratar até 50 toneladas de carvão por hora.
(JC-RS, 31/03/2011)