O presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, disse nesta quarta-feira a parlamentares da Frente Parlamentar Ambientalista que nem mesmo o Japão poderá abrir mão da energia nuclear. O país acaba de sofrer um acidente na usina nuclear de Fukushima. Pinheiro da Silva afirma que o Japão já usou toda a sua capacidade de energia hidráulica e tem 57 usinas nucleares.
Segundo o presidente da Eletronuclear, o Brasil também precisa aumentar a sua capacidade de geração de energia. "O que mais mata, mata mais do que qualquer outra doença no Brasil, é falta de saneamento. E saneamento é extremamente intensivo em termos de consumo de eletricidade, precisa de um motor elétrico para tocar a bomba, para tratar a água, colocar na nossa casa; precisa de motor elétrico para tratar o nosso esgoto", afirmou. Pinheiro da Silva também citou a necessidade de melhorar o transporte urbano por meio de coletivos elétricos.
Alternativa
Já o coordenador da Campanha Clima e Energia do Greenpeace, Ricardo Baitelo, afirma que o aumento da capacidade de geração de energia não precisa se dar pela solução nuclear. "Com a energia que virá de Angra 3, nós poderíamos gerar o mesmo com a energia eólica em apenas dois anos. O que a gente levaria cerca de seis a dez anos para construir, poderia ser suprido por parques eólicos no Nordeste e no Sul do País em menos de dois anos", disse.
Baitelo disse ainda que não existe solução arquitetônica para o depósito de lixo radioativo – materiais que sobram após a geração de energia. Ele também criticou o fato de a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) promover e ao mesmo tempo fiscalizar o setor.
O coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, deputado Sarney Filho (PV-MA), disse que o acidente no Japão vai encarecer a energia nuclear porque novas regras de segurança terão que ser elaboradas. Ele também informou que a Assembleia Legislativa do Espírito Santo estuda uma emenda constitucional que proibiria a instalação de usinas nucleares no estado.
Continua:
* Brasil não pode descartar energia nuclear, diz presidente de estatal
(Por Brizza Cavalcante, Agência Câmara, 24/03/2011)