Os porto-alegrenses e aqueles que visitam a cidade vão ter de se acostumar a ir ao mais tradicional parque da cidade, a Redenção, e ver um cenário um pouco diferente. O minizoo Palmira Gobbi Dias deixará de existir em breve.
No dia 27 de julho do ano passado, uma equipe técnica do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) realizou uma vistoria para averiguar a situação do local. Conforme o relatório produzido pelo Núcleo de Fauna do órgão, todos os 16 espaços do minizoo estavam em situação regular ou ruim. "Cabe salientar que nenhum dos recintos atende às exigências da Instrução Normativa 169 de 2008, que estabelece padrões mínimos de tamanho e estrutura", diz o documento.
Na visita também foi constatado que, devido à grande presença de árvores no entorno, os animais recebem pouca luz solar. O relatório pedia ainda que fosse criada uma área de quarentena e dava 180 dias de prazo para que isso fosse feito. A colocação de vigilância 24 horas também era solicitada (prazo de 90 dias). As determinações não foram cumpridas.
"No início de agosto encaminhamos o ofício para a prefeitura dando prazos para o atendimento das adequações. Alguns desses prazos expirariam no final de fevereiro deste ano. No dia 23 de fevereiro, tivemos uma reunião na qual a prefeitura nos disse que não teria interesse em realizar essas adequações", afirma o superintendente estadual do Ibama, João Pessoa Moreira Júnior. "Para que os animais fiquem na Redenção, os recintos deveriam ser adequados. A prefeitura falou que não tem interesse na adequação. E, assim sendo, eles não podem continuar lá", diz ele.
No documento em que oficializa a decisão de não manter o local, assinado pelo prefeito José Fortunati, o Executivo afirma que é "visível e frágil a qualidade de vida dos animais" que estão no local. A decisão de não manter o zoo em funcionamento recebeu o apoio do movimento Lugar de Animal é no Habitat Natural. Em carta aberta, o movimento, que reúne 31 Organizações Não Governamentais do Estado, diz que "a visão ultrapassada de que manter animais enjaulados é útil para estudos, diversão, ou mesmo para a preservação de espécies não se sustenta mais".
Já o Conselho de Usuários da Redenção é contrário ao fechamento, por acreditar que o local faz parte da história do parque e que é útil na educação das crianças que o visitam. O conselho também reclama em razão da comunidade não ter sido ouvida a respeito.
Criado em 1925, sofrendo alterações no decorrer dos anos e passando, em 1984, a receber o nome de Palmira Gobbi Dias, uma conhecida defensora dos animais de Porto Alegre, o minizoo abriga 85 animais, principalmente primatas, répteis e aves. Conforme a prefeitura, as adequações exigidas pelo Ibama custariam cerca de R$ 1 milhão.
O superintendente do instituto frisa, porém, que não há prazo definido para que haja a retirada e o realocamento dos animais. "Não estamos trabalhando tanto para estabelecermos um prazo. Nossa preocupação maior é de que o local que nós destinarmos para os animais seja adequado. No início da semana que vem já devemos indicar algum e daí a prefeitura vai se organizar para fazer o translado", diz.
O Executivo se responsabilizou pela logística para a retirada dos animais e pela alimentação pelo período de um ano. Além disso, foi prometido que o local irá abrigar um memorial sobre a história do lugar, com fotos e informações sobre espécies da fauna silvestre.
(Por Juliano Tatsch, JC-RS, 24/03/2011)