No Dia Mundial da Água, comemorado ontem, a Agência Nacional de Águas (ANA) alertou que poderá haver déficit no abastecimento de água em 3.059 (55%) dos 5.565 municípios brasileiros, se não forem feitos investimentos prioritários na ordem de R$ 22,2 bilhões. No Rio Grande do Sul, o levantamento apontou a necessidade de investir R$ 785 milhões em 182 cidades. De acordo com a pesquisa "Atlas Brasil - Abastecimento Urbano de Água", as obras nos mananciais e nos sistemas de produção são fundamentais para evitar déficit no fornecimento de água nessas cidades, que em 2025 vão concentrar 139 milhões de habitantes, ou 72% da população. Concluídas até 2015, as obras podem garantir o abastecimento até 2025.
"O Atlas Brasil ajuda o país a identificar os gargalos e as carências de várias regiões, os conflitos vivenciados nos grandes centros urbanos pelas mesmas fontes mananciais e a avaliar suas infraestruturas para atender adequadamente ao abastecimento público. É uma ferramenta indispensável para a tomada de decisões e para a racionalização de investimentos em todo o país", avaliou a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.
O Atlas Brasil consolida o planejamento da oferta de água em todo o país, a partir do diagnóstico dos mananciais e da infraestrutura hídrica existente. "O Atlas Brasil é um estudo alicerçado na garantia de que as informações e propostas apresentadas são fruto de amplo consenso, alinhado entre representantes dos prestadores de serviços de abastecimento de água, órgãos de gestão dos recursos hídricos, Comitês e Agências de Bacias Hidrográficas, entre outras entidades municipais, estaduais e federais ligadas ao setor, que traz não apenas as soluções, mas formas de financiamento das obras propostas", afirmou o diretor-presidente da ANA, Vicente Andreu.
Para a região Sul, o investimento totaliza R$ 2 bilhões, distribuídos em 483 sedes urbanas (16% do universo que necessita). A maior parte dos recursos (R$ 1,7 bilhão, ou 85% do total) destina-se à ampliação de sistemas produtores, sendo R$ 835,6 milhões aplicáveis à exploração de mananciais subterrâneos para atendimento a 276 municípios, geralmente de pequeno porte, distribuídos na região Oeste dos três estados do Sul - RS, SC e PR - e coincidentes com as formações vulcânicas e do Aquífero Guarani.
(Correio do Povo, 23/03/2011)