O diretor de segurança Nuclear da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Laércio Vinhas, afirmou, em palestra no Clube de Engenharia, no Rio de Janeiro, que o sistema de segurança das usinas de Angra dos Reis está preparado para situações emergenciais, pois, segundo o especialista, as usinas brasileiras aprimoram regularmente o sistema de acordo com as novas tecnologias internacionais.
Em caso de queda de energia e em situações extremas, como as ocorridas no Japão, quatro geradores movidos a diesel viabilizam o funcionamento dos sistemas de segurança, quando na verdade apenas dois já seriam o suficiente, segundo Vinhas. Além disso, os reatores contam com proteção para enfrentar maremotos, apesar de ser uma situação totalmente atípica no Brasil.
O diretor do CNEN afirmou que a utilização de água do mar com Boro para esfriar os reatores, como aconteceu no Japão, é um procedimento absolutamente normal. Vinhas, no entanto, acrescentou que a medida é paliativa. "Medida efetiva é acionar as bombas do sistema, mas muitas não funcionaram", comentou. O especialista disse também que foi o tsunami, e não o terremoto de 8,9 graus na escala Richter, que provocou os problemas no Japão. "O terremoto seguido de tsunami é previsível e o critério usado para a recorrência dos eventos é baseado na série de mil anos".
Para Vinhas, em vez de parar de construir usinas nucleares, o mundo deve tirar lições para aprimorar a segurança. "Depois do acidente no Japão, os projetos de cada reator serão revistos. Faremos o possível para incorporar elementos que agreguem segurança e que diminuam a possibilidade de problemas de refrigeração", pondera
(Monitor Mercantil, 22/03/2011)