Um novo método de processamento de couro será apresentado na próxima quarta-feira (23) em audiência pública da Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa. O objetivo do encontro solicitado pelo deputado Carlos Gomes (PRB) é debater alternativas capazes de reduzir a emissão de resíduos sólidos gerados pela indústria de couro no Rio Grande do Sul, minimizando a contaminação do meio ambiente.
Atualmente, os curtumes utilizam o cromo como principal componente no processamento do couro. Contaminados pelo elemento químico, as aparas e o farelo do couro são classificados como resíduos classe I, considerados perigosos pela norma brasileira (NBR 10004/2004) da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). De acordo com o técnico em curtimento Eloí Nórdio, o Rio Grande do Sul é responsável por gerar 3.000 m3 por mês desses resíduos cromados que, quando armazenados de forma inadequada, podem acarretar contaminação do solo, de lagos e rios.
Uma das soluções apontadas por Nórdio é mudar o processo de curtimento por meio do reaproveitamento do farelo da rebaixadeira (máquina utilizada no processamento do couro) e também das aparas. Esse procedimento garante a mesma qualidade no produto final, produz matéria-prima para as indústrias de alimentação humana e animal, e ainda reduz a geração de resíduo de cromo no meio ambiente. Ao separar o farelo e aparas, haverá uma demanda menor na quantidade de cromo a ser utilizada no processamento do couro restante. "O curtume vai gerar um resíduo saudável e comestível. A indústria de alimentos, como fábricas de gelatina e de alimentação animal, está necessitando hoje desse tipo de material", explica Nórdio, que participará da audiência pública.
Foram convidados representantes do Poder Executivo estadual, de órgãos de proteção ambiental, além de entidades do setor coureiro-calçadista. Já está confirmada a presença do presidente da Associação das Indústrias de Curtume do RS (AICSul), Francisco Alziro Gomes; do presidente do Sindicato das Indústrias de Artefatos e de Curtimento de Couros e Peles de Estancia Velha, Jorge Steiner; do integrante do Conselho Regional de Química do RS, conselheiro Ricardo Noll; do prefeito de Estância Velha, José Waldir Dilkin, além de representantes da empresa Ortner Comércio e Beneficiamento de Couro Ltda.
Carlos Gomes conheceu o curtimento alternativo no ano passado. "Remodelar o processo de curtimento do couro é uma necessidade do meio ambiente, da saúde humana e também da nossa economia, já que esse método permite a reutilização dos resíduos", defendeu.
A audiência pública tem início às 9h30 no Plenarinho, 3º andar da Assembleia Legislativa.
(Diário de Canoas, 22/03/2011)