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política nuclear acidente nuclear passivos da energia atômica
2011-03-17 | Tatianaf

A ameaça de um desastre nuclear na planta de Fukushima I após o terremoto e o posterior tsunami no Japão mobilizou no sábado passado cerca de 60.000 alemães contra a política nuclear do Governo de Angela Merkel. Se a chanceler alemã aprovou em 2010 um prolongamento de 12 anos da vida útil das centrais nucleares, após a situação em que se encontra o país nipônico e os protestos em seu país Merkel anunciou nesta segunda-feira que “irá revisar” todas as centrais do país. Algo que para Claudia Roth, líder do Partido Verde alemão, é claramente insuficiente.

Eis a entrevista.

O ministro de Meio Ambiente [o democrata-cristão Norbert Röttgen] e o ministro de Assuntos Exteriores [o liberal Guido Westerwelle] disseram no sábado que não é hora de ressuscitar o debate nuclear.

O lobby nuclear no Governo só quer fechar os olhos e enviar condolências. Está claro que não quer tirar consequências do que aconteceu. No sábado, nos colocamos a questão de se, pelo que estava acontecendo, convinha prosseguir com os nossos planos de fazer uma corrente humana entre a central nuclear e Stuttgart. No final, o fizemos no mesmo dia, muito sensibilizados pelos acontecimentos.

Que consequências isto têm para as eleições de 27 de março em Baden-Württemberg?

 Consideramos que não se deve utilizar o que aconteceu como arma política nas eleições. Mas não está bem que Röttgen e Westerwelle expressem sua preocupação e, ao mesmo tempo, procurem evitar que os alemães tirem suas conclusões. Os dramáticos fatos do Japão demonstram que a energia nuclear é ingovernável, por mais que se reforcem as medidas de segurança em um país como o Japão. Não é 100% segura e, portanto, encerra graves riscos. É uma irresponsabilidade que o ministro do Meio Ambiente saia para anunciar que aqui não há perigos e que tudo é seguro. É uma política cínica e imoral.

Você acredita que a catástrofe japonesa dará asas aos verdes?

Depois de Chernobil não ganhamos imediatamente todas as eleições. Creio que as pessoas sabem diferenciar entre as consequências de uma catástrofe natural e as exigências de um Governo regional. Mas é preciso pensar se a política pró-nuclear do primeiro-ministro [de Baden-Württemberg], Stefan Mappus, é segura para o país. Mappus é um dos maiores responsáveis pelo prolongamento da vida útil das nucleares, no ano passado. Mas o futuro de Baden-Württemberg está nas tecnologias seguras e nas energias renováveis. Politizará a reta final da campanha eleitoral, que segue muito igualada.

Parece impossível que se retorne aos planos de desligamento anteriores a 2010. Vocês estão dispostos a algum compromisso ou os Verdes só aceitarão o desligamento total de todas as centrais?

Eu não posso estar de acordo com o adiamento do desligamento nuclear. Isso se deveu exclusivamente aos interesses milionários do lobby elétrico. Agora, o Governo terá que esclarecer como pensa garantir a segurança. O Executivo não deve se equivocar em relação à magnitude da massa social contrária à energia nuclear. Abarca desde os sindicatos até as igrejas, passando por diversas iniciativas cidadãs.

Lembrou-se do dia da catástrofe de Chernobil?

Com certeza. Em 1986, eu era porta-voz dos Verdes. Me lembrei em seguida das dificuldades que havia na época para ter acesso a informações. E também me lembrei de como nos acusavam de semear o pânico. Se dizia na época que um reator sem manutenção do bloco socialista poderia ir pelos ares, mas que os ocidentais eram mais seguros. Agora estamos outra vez às portas de um desastre. Mas no Japão, um país de alta tecnologia.

(Der Spiegel, o El País, tradução é do Cepat, IHU-Unisinos, 17/03/2011)


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