O risco de um acidente nuclear no Japão, que de acordo com o comissário europeu da Energia está iminente, está a levar vários países a repensarem a sua opção por este tipo de energia. A China, que era o país com maiores projectos de investimento no sector, responsável por 40% das novas centrais planeadas, acaba de suspender as novas licenças nesta área.
«Até o plano de segurança nuclear ser aprovado, iremos suspender as licenças das novas centrais incluindo aquelas que estão em fase de pré-desenvolvimento», anunciou o Governo chinês, citado pelo «Financial Times».
A Alemanha foi um dos primeiros países a tomar medidas, tendo decretado a suspensão de sete centrais, as mais antigas do país, sendo que uma delas não deverá voltar a funcionar. Os novos projectos também estão suspensos, tal como na Suíça.
Vários países estão a proceder à reavaliação da segurança das centrais em funcionamento, como a Alemanha ou a França. A vizinha Espanha começa a falar em relançar a discussão sobre a segurança deste tipo de energia.
Para os mercados, o iminente acidente nuclear no Japão dita o fim da nova era do nuclear, e deverá afastar os decisores políticos desta opção.
O comissário europeu para a Energia, Guenther Oettinger, tem vindo a alertar desde terça-feira para o facto de a situação no Japão estar «fora de controlo».
Oettinger «não tem tido papas na língua» quando toca a falar da situação nipónica. «Falou-se em apocalipse e, na minha opinião, é uma palavra muito bem escolhida», afirmou o mesmo homem que não hesitou em assumir que «o impensável aconteceu». E vai mais longe ao afirmar esta quarta-feira que «o pior» deve acontecer «nas próximas horas».
Tudo somado, o comissário europeu começa a temer pelo abastecimento de energia aos países do continente europeu. «Quando um país como a Alemanha coloca a energia nuclear em dúvida, isto tem consequências para a infra-estrutura europeia», disse. E por isso, diz estar na altura de a Europa se questionar se consegue satisfazer as suas necessidade energéticas sem o nuclear.
(Agência Financeira, 17/03/2011)