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acidente nuclear desastre de chernobyl imprensa e meio ambiente
2011-03-17 | Mariano

Que a mídia brasileira sempre andou atrás da mídia internacional não é novidade. Mas agora, em meio a uma das maiores catástrofes dos tempos modernos, foi que a máscara de incompetência, e talvez mesmo da parcialidade oficiosa tenha caído. Veículos internacionais como The Independent (Inglaterra), Berliner Zeitung (Alemanha), Le Monde (França), The New York Times (EUA) noticiam desde Sábado (12/03) as dimensões apocalípticas do desastre, inicialmente natural, e agora já nuclear, no Japão.

Enquanto isso os maiores veículos no Brasil repetem como papagaios as poucas e incompletas informações que chegam às redações através das assessorias de imprensa. "Três reatores nucleares do Japao tem danos, diz ONU", diz a manchete de Quarta-feira (16/03,às 17:40 hs horário do Brasil) do UOL, também conhecido como Universo Online, e que se auto-intitula "O melhor conteúdo da Web".

Na notícia, cuja a fonte são "Agências Internacionais", praticamente só falam a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), a empresa que opera a usina e o governo japonês, falando pouco, quase nada. Mesclando dados técnicos incompletos, o texto dá um tom incerto sobre algo que "parece" grave, mas talvez não seja. Na metade da matéria uma frase resume o nível de qualidade editorial: "Para tentar conter o superaquecimento nos reatores 3 e 4, as autoridades japonesas estão apelando para jatos d'água --normalmente empregados contra motins e manifestações." Como se apagar um incêndio nuclear fosse parecido com dispersar manifestantes.

Ignora, por exemplo, textos publicados na mídia francesa e reproduzidos principalmente por veículos alternativos nos Estados Unidos e Europa sobre a coletiva de imprensa convocada na terça (15/03) pelo governo francês para tratar do assunto. Na entrevista, dada por portavozes da agência francesa de segurança nuclear, é confirmada a alta gravidade da situação. "Todos os seis reatores da unidade 1 de Fukushima Daichi estão próximos no nível 7, o nível máximo na escala IMIS (Sistema integrado de monitoramento da radiação, sigla em Inglês) de avaliação de acidentes atômicos", afirmaram os técnicos franceses na ocasião, relembrando que "o governo japonês não está dizendo isso à população".

Outra pérola da "reportagem" diz o seguinte: "A preocupação, contudo, é que o reator 3 é o único da usina que usa plutônio como combustível. Segundo pesquisas do governo norte-americano, o plutônio é muito tóxico para os seres humanos, e uma vez absorvido na corrente sanguínea, pode permanecer por anos na medula óssea ou no fígado e até mesmo causar câncer.", traz o parágrafo que vem logo abaixo ao trololó da AIEA na matéria. Dá pra pensar se não é trote digital.

Parece que mesmo as agências internacionais que vendem seus conteúdos aos grandes veículos no Brasil esqueceram de consultar seus próprios correspondentes no Japão. Estes dizem que numa única planta, a de Fukushima 1, já são quatro reatores com danos, dois deles em "possível" meltdown, ou fusão, que faria o incidente em Fukushima equivaler-se à Chernobyl na Ucrânia. Talvez seja a falta de tradutores competentes dentro da redação do UOL, talvez seja miopia editorial do veículo, ou talvez seja uma má fé sistêmica que desinforma as pessoas. Hoje, quem quer realmente se informar sobre o Japao deve aprender pelo menos inglês, e pelo menos assistir à Al Jazeera na Internet.

(Por Mariano Senna, Ambiente JÁ, 17/03/2011)


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