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passivos da energia atômica política nuclear
2011-03-16 | Tatianaf

O vazamento radioativo em Fukushima, no Japão,  trouxe à tona o debate sobre a instalação de uma usina no Espírito Santo. Discutida desde 1979, a construção de uma usina no Estado foi reforçada em meados de 2010, com a retirada do Estado de São Paulo da disputa pelo empreendimento, mas aqui, dizem os ambientalitas, a usina não é bem vinda.

O primeiro obstáculo a ser enfrentado pelo empreendimento, segundo a Associação Capixaba de Proteção ao Meio Ambiente, é a indisponibilidade hídrica, considerado fator fundamental para manter os reatores constantemente resfriados.

Enquanto São Paulo saiu do páreo devido o risco de contaminação do Aqüífero Guarani, o Estado se mantém na disputa mesmo diante da indisponibilidade hídrica, já atestada pelo governo do Estado. Segundo os estudos da Eletronuclear, especificamente os estados do Espírito Santo e de Minas Gerais, estão entre as possibilidades para a construção de uma das usinas previstas pelo Projeto Nuclear Brasileiro para serem construídas até 2030 no Brasil.

Mesmo com a promessa de revisão das normas de licenciamento das usinas nucleares no Brasil o investimento nesta tecnologia é duramente criticado por ambientalistas do Estado e de todo o mundo. Segundo a ONG Greenpeace, no Japão, por exemplo, pode se ver livre desta tecnologia perigosa até 2050, sem prejuízo ao abastecimento e com crescimento limpo e seguro.

Do jeito que funcionam no Rio de Janeiro, a usina de Angra II e III, cuja licença foi contestada pelo Greenpeace, representam um risco a integridade física dos habitantes de Angra dos Reis e todo o Estado do Rio de Janeiro. O pedido da ONG é que seu funcionamento seja suspenso até que as novas normas estejam em vigor.

Já no Espírito Santo, o sul do Estado está entre as áreas analisadas, mas conforme já foi anunciado pelo governo do Estado, não há água suficiente na região para abastecer grandes empreendimentos. E, de acordo com informe do governo federal, em 2007, quando a construção das usinas nucleares voltou a ser debatida, para resfriar os reatores de uma das usinas de Angra dos Reis, é preciso “água, água e água”. E isso nós não temos, alertaram os ambientalistas.

Segundo o Greenpeace, o risco de a população aceitar uma usina nuclear implica risco de impactos de liberação de radiação ao meio ambiente que não impacta apenas a população diretamente afetada na área. “A radioatividade perdura por várias gerações, tanto em organismos humanos quanto em terras que deixam de produzir alimentos ou servir de moradia a populações, como foi o caso em Chernobyl", disse o responsável pela campanha de energia do Greenpeace Brasil, Ricardo Baitelo, no site da ONG.

No Brasil, há atualmente duas usinas nucleares, um número irrisório se comparado ao Japão, que possui 55 plantas. Mas a informação é que o governo brasileiro planeja construir oito novas usinas nos próximos 20 anos. E, segundo o Greenpeace, um estudo com 40 locais que poderiam receber plantas nucleares,  também vem sendo realizado pelo Governo Federal.

A informação é que, diante do grande potencial eólico do País, independentemente de qualquer ponto de vista – elétrico, econômico ou ambiental –, o Brasil não precisa de energia nuclear. Além de consumir muito dinheiro público e caminhar totalmente na contramão dos debates realizados em todo o mundo sobre as mudanças climáticas, tem o agravamento do problema do lixo radioativo, cuja produção é o principal impacto ambiental da energia nuclear, e que continua sem solução, em todo o mundo.

Resistência
A informação de construção de uma usina nuclear no Estado para reciclar lixo atômico levou à primeira mobilização em massa dos capixabas, ainda durante a ditadura militar.

Foi nesse contexto que surgiu a Associação Capixaba de Proteção ao Meio Ambiente (Acapema), primeira ONG ambientalista do Estado, que, junto à sociedade organizada, mobilizou a maior concentração popular já registrada na praça Oito, contra a instalação do empreendimento. Após a concentração, teve carreata até o município de Aracruz, onde a usina seria instalada.

Em 2007, o assunto voltou à tona através do então presidente da Eletronuclear, Othon Pinheiro, que deu declarações para o mesmo jornal, apontando três áreas para sediar as usinas, entre elas o Espírito Santo. Além do Estado, também foram cogitadas a região do Rio Grande, na divisa de Minas e São Paulo, e a região do baixo Rio Tietê, próximo à divisa com o Estado de Mato Grosso do Sul.

Na realidade, o programa da Eletronuclear é para a instalação de duas novas usinas, de 1.000 MW cada, para beneficiar a região Nordeste, cuja operação já está prevista para 2017. E, para o Sudeste, se anunciava na ocasião uma central nuclear com pelo menos duas usinas, cuja operação está prevista para 2030.

Na ocasião, Freddy Guimarães, presidente da Acapema e que participou das manifestações em 1979, a construção de uma usina no Estado servirá apenas para alimentar as usinas siderúrgicas, potencializando, assim, os riscos para os capixabas diante da possibilidade de contaminação humana e ambiental, no caso de um acidente nuclear.

(Por Flavia Bernardes, Século Diário, 16/03/2011)


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