Debate realizado ontem na Câmara Municipal de Vereadores discutiu a falta de planejamento na área. Em virtude do terremoto que atingiu o Japão e da enxurrada que desabrigou metade da população de São Lourenço do Sul na semana passada, a Câmara Municipal de Porto Alegre, através da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam), debateu, em uma reunião realizada ontem, a fragilidade e a falta de preparo da Capital para a ocorrência de catástrofes naturais e desastres ambientais.
O vereador Todeschini (PT), membro da comissão, destacou que a cidade não suporta determinada quantia de chuva em um curto período de tempo, como ocorreu recentemente. "Apenas 18mm de chuva em 15 minutos são suficientes para que ruas fiquem alagadas e casas sejam atingidas", explicou o parlamentar. De acordo com o vereador Dr. Thiago Duarte (PDT), presidente da Cosmam, um dos principais papéis exercidos pela comissão é pressionar a prefeitura para que execute as leis e seja intolerante com ocupações desordenadas em áreas de risco.
"Porto Alegre não possui um mapeamento dos locais suscetíveis a desastres." Essa foi uma das primeiras afirmações do presidente do Centro Universitário de Estudos e Pesquisas em Desastres da Ufrgs (Ceped/RS), Luiz Carlos Pinto da Silva Filho. Além de citar medidas que vão da elaboração de pesquisas até a formatação de uma ferramenta para a prevenção destes desastres, o especialista acredita que falta mais empenho dos líderes públicos na união com a comunidade acadêmica para o desenvolvimento destes programas preventivos. E avisa que há, sim, o risco de os desastres naturais que estão ocorrendo mundo afora atingirem a Capital, principalmente os moradores das zonas de risco.
"Essas pessoas devem ser removidas imediatamente. É melhor que haja prevenção do que ocorra um desastre com perda de vidas", adverte Silva Filho. Um dos pontos levantados por todos participantes do fórum é a importância de unir os estudos desenvolvidos pela academia com as leis e os projetos desenvolvidos pelo Executivo e pelo Legislativo.
Silva Filho ressaltou que muitas vezes a população contribui para que grandes desastres naturais aconteçam. Para que isso seja evitado, o professor da Ufrgs acredita que a elaboração de estudos precisos seja de grande importância para o Estado. "Não se pode confiar apenas em médias históricas", observa.
Outro trabalho desenvolvido pelo centro é o sensoriamento remoto. Ao longo dos rios são colocados sensores capazes de medir o aumento do nível, possibilitando um controle preciso direto de uma central. O vice-governador do Estado, Beto Grill, procurou o pesquisador para que algo desse tipo seja aplicado na região de São Lourenço do Sul.
O trabalho executado pelo Ceped/RS prevê o acompanhamento de possíveis tragédias naturais não apenas em Porto Alegre, mas em todo o Estado. Conforme Silva Filho, a instituição realiza trabalhos com a Fundação Universidade de Rio Grande (Furg) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
(JC-RS, 16/03/2011)