O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), defendeu nesta segunda-feira a rediscussão do uso da energia nuclear no Brasil depois do terremoto no Japão, que danificou reatores do complexo nuclear Fukushima Daiichi. Sarney disse que o Brasil terá que refletir sobre as usinas nucleares como fornecedoras de energia.
"Se elas já sofreram no passado algumas restrições, acredito que agora, com esse problema do Japão, vamos ter que parar um pouco para pensar", afirmou.
Ao ser questionado sobre o programa nuclear brasileiro, em especial a construção da usina de Angra 3, Sarney disse não acreditar na sua paralisação --mas em "outra análise" de novas usinas nucleares que venham a ser instaladas no país.
"Não acredito, mas evidentemente vão ser tomadas medidas de muito maior cuidado e revisão. Ao mesmo tempo, o governo deve fazer uma análise das nossas usinas em relação ao que aconteceu [no Japão]. Mas acho que esse debate é para cientistas."
O senador afirmou que, por maior que seja a segurança do programa nuclear brasileiro, "ninguém pode estar certo de que isso [vazamento radioativo] não pode ocorrer no país".
O Japão pediu formalmente hoje aos Estados Unidos ajuda para resfriar os reatores nucleares do complexo de Fukushima Daiichi. O terremoto de magnitude 8,9 que atingiu o Japão na sexta-feira (12), seguido por um tsunami, causou danos ao sistema de refrigeração de três dos seis reatores de Fukushima.
Os reatores estão aquecendo em níveis perigosos e as autoridades correm para evitar um derretimento das barras de combustível nuclear --que aumentaria o risco de danos ao reator e de um possível vazamento nuclear, segundo especialistas.
(Folha Online, Fátima News, 15/03/2011)