Brasília. Apesar das tragédias envolvendo usinas nucleares no Japão, precipitadas por conta do terremoto e do tsunami que atingiram o país em 11 de março, o Brasil vai manter sem alterações o seu programa nuclear, afirmou ontem o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.
"Não. Nós temos nenhuma necessidade, penso eu, de revisão, a não ser aprender com o que aconteceu lá, alguns procedimentos que possam ser aprendidos para serem utilizados no futuro. As dificuldades que as usinas lá tiveram as nossas não terão, pois têm uma proteção maior", afirmou Lobão.
Segundo o ministro, quando foram construídas as usinas nucleares em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, já houve uma grande preocupação com a atividade das marés. "Quando foram construídas as usinas em Angra, houve uma avaliação do comportamento das marés sobre o que podia acontecer num período de mil anos. Ergueu-se uma barreira no mar, um anteparo, para essa possibilidade", afirmou Lobão.
"Portanto, não temos razão e motivação nenhuma para preocupação maior. Vamos prosseguir com nosso programa. As nossas usinas foram construídas dentro da melhor tecnologia existente, ainda é muito boa. Os próprios técnicos dizem que as usinas japonesas estavam sujeitas a algumas vulnerabilidades que as nossas não estão. Não temos nenhuma razão para duvidar da excelência das usinas nucleares", afirmou.
Lobão disse ainda que acidentes são possíveis, relembrando os ocorridos em Chernobyl, na Ucrânia (abril de 1986), e Three Mile Island, nos Estados Unidos (março de 1979). "Acidentes existem em todos os setores da vida", minimizou Lobão. "O que aconteceu no Japão também foi uma tragédia", disse.
A avaliação não é a mesma entre outros apoiadores do governo. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse ontem considerar que o País deve refletir sobre essas usinas como fornecedoras de energia.
O Japão pediu formalmente ontem aos EUA ajuda para resfriar reatores nucleares do complexo de Fukushima Daiichi. O terremoto causou danos ao sistema de refrigeração de três dos seis reatores de Fukushima.
(Diário do Nordeste, 15/03/2011)