O derramamento de óleo da petrolífera britânica British Petroleum (BP), que despejou 4 milhões de barris no Golfo do México no ano passado, não prejudicou apenas a fauna, flora e o oceano, como também comprometeu o ar. O estudo da poluição gerada a partir do acidente deu dicas de como este tipo de contaminação chega até a atmosfera.
A tragédia, iniciada em 20 de abril de 2010, matou 11 pessoas e criou uma nuvem de ar poluída que foi levada pelos ventos, informaram os pesquisadores à revista Science.
Os materiais químicos mais leves evaporaram em questão de horas, assim como o esperado. O que não era esperado era que os componentes mais pesados - aqueles com mais átomos de carbono por molécula - além de demorarem mais para evaporar, se espalharam mais e contribuíram para a formação de partículas causadoras da poluição. "Nós achávamos que eles não eram abundantes o suficiente para causar mal", disse Joost de Gouw, coautor do estudo e cientista da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos.
Para avaliar a poluição acima do Golfo do México foi enviado um avião "caça furacão" equipado para monitorar a qualidade do ar enquanto o óleo ainda estava vazando. O avião estava cheio de instrumentos desenvolvidos para avaliar diferentes tipos de partículas da poluição do ar, incluindo o aerossol orgânico. Os aerossóis orgânicos já foram relacionados a doenças como asma, doenças cardiovasculares e até mesmo morte prematura de bebês.
No entanto, o avião não mediu os componentes mais pesados, que contribuem mais para a poluição do ar, porque o equipamento utilizado se atenta para as substâncias já conhecidas por contribuir com o empobrecimento da qualidade do ar, que são as substâncias mais leves, conhecidos por serem materiais mais voláteis.
Por meio de simulações em computador, os pesquisadores chegaram a conclusão que os compostos mais pesados eram os maiores culpados pela poluição. Para se ter uma ideia, eles encontraram a mesma quantidade de aerossóis orgânicos de áreas urbanas dos EUA no local do acidente. "Este estudo nos ajudará a entender e prever melhor as condições do ar", disse Gouw.
(Agência Estado, 14/03/2011)