A Federação Internacional de Futebol (Fifa) espera que os estádios brasileiros que receberão jogos da Copa do Mundo estejam alinhados ao programa Green Goal, cujo objetivo é promover uma competição ambientalmente sustentável. Apesar de a entidade não exigir, mas sim recomendar, vários estádios estão providenciando o registro para receberem a certificação Leed, selo internacionalmente reconhecido e emitido pelo US Green Building Council (GBC), dos Estados Unidos. Enquanto o Grêmio já registrou a Arena junto ao GBC Brasil, o Internacional ainda não encaminhou solicitação para o Beira-Rio.
Através de uma parceria com o Comitê Organizador Local (COL), o Bndes está disponibilizando uma linha de financiamento para os estádios certificados, com prazos maiores e juros reduzidos. Em razão de o Inter ainda estar discutindo qual modelo será adotado, sendo o financiamento junto à instituição uma das possibilidades, a certificação ainda não foi considerada.
No entanto, a obra no Beira-Rio está sendo realizada levando em conta critérios de sustentabilidade ambiental. Pelo projeto Gigante para Sempre, são destacadas prioridades para tecnologias ecológicas, como pisos permeáveis, reutilização de água de chuva, cobertura verde, materiais de baixa manutenção, ocupação controlada, definição de áreas verdes e incentivo a transportes públicos e alternativos, como ciclovias e embarcações.
Até o momento, seis estádios já estão registrados no País, sendo a Arena do Grêmio um deles, enquanto três estão no processo de registro. Dos 12 que sediarão jogos da Copa, somente os estádios privados Beira-Rio e Arena da Baixada, em Curitiba, ainda não fizeram solicitação.
A certificação Leed, que já é uma exigência do Comitê Olímpico Internacional, promove a incorporação de critérios ambientais para reduzir impactos causados pelo setor da construção civil no meio ambiente e a operação dos estádios de forma eficiente. O gerente-técnico do GBC Brasil, Marcos Casado, explica que a cada item avaliado são dados créditos. “Um dos itens, por exemplo, recomenda que o empreendimento não esteja em áreas de enchentes, agrícolas, ou próximo a rios e mares. No caso do Inter, o estádio sairia prejudicado por estar à margem do Guaíba, no entanto, a vantagem é que o Beira-Rio está sendo renovado, e não construído em sua totalidade”, destaca.
Custo de obra pode crescer em até 7%
A implementação de cuidados ambientais pode encarecer a obra em até 7%, avalia o gerente-técnico do GBC Brasil, Marcos Casado. “Por outro lado, possibilita que estádios tenham redução no custo operacional. Portanto, se investe mais no início, mas o retorno financeiro posterior é muito rápido”, explica. Casado diz que a economia na conta de água varia de 30% a 50%, em energia, 30%, e nos custos operacionais, como gestão de resíduos, pode chegar a 70%.
Além disso, o técnico diz que outra vantagem trazida pela certificação é a valorização da marca. “Para um clube privado isso é muito importante, pois cada vez mais eventos internacionais procuram estar alinhados a empreendimentos com essa preocupação e a certificação Leed é usada em 127 países.”
O processo tem início ainda na fase de projeto e escolha do local, passando pela construção até a operação do estádio pronto. No caso do Inter, no qual a obra já está em andamento e trata-se de renovação, e não construção total, o clube ainda assim pode solicitar a certificação, desde que comprove com documentação que tem feito gestão de resíduos e o uso de materiais adequados.
Segundo Casado, o Brasil já possui a maioria dos produtos que visam à autoeficiência, mas ainda há potencial para investir na área. “Por exemplo, não há nenhum fabricante de painéis fotovoltaicos e o produto tem que ser importado da China. À medida que aumenta a demanda, possibilita que empresas se interessem em desenvolver aqui.”
Uma vez o estádio pronto e operando, grandes empresas de auditoria contratadas pelo US GBC fazem a avaliação do empreendimento, que pode levar até seis meses.
(JC-RS, 14/03/2011)