O temor de uma contaminação nuclear nas proximidades da usina Fukushima Daiichi, em Okumamachi, na província de Fukushima, após uma explosão na manhã deste sábado levou milhares de pessoas a protestar contra o uso de energia nuclear na Alemanha, na França e na Itália.
Na Alemanha, manifestantes deram as mãos e formaram uma impressionante corrente humana, que se estendeu por 45 quilômetros, ligando a usina de Neckawarstheim à cidade de Stutgart. A movimentação teve como objetivo confrontar a decisão da chanceler Ângela Merkel, que, no ano passado, prorrogou o tempo de vida das 17 usinas nucleares até 2012. Com bandeiras amarelas com os dizeres "Energia nuclear - não, obrigado", os manifestantes pediram mudança na política nuclear do país.
Em resposta ao vazamento radioativo no Japão, a chanceler alemã chamou ministros do gabinete para uma reunião neste sábado. O vazamento vem em momento difícil para Merkel, cujos aliados conservadores enfrentam três eleições estaduais em março, diante das preocupações com segurança nuclear que podem dar força a seus oponentes
No país de Sarkozy, grupos de manifestantes ecológicos renovaram seus pedidos para que a França deixe de depender de energia nuclear. Segundo eles, o vazamento nas usinas nucleares japonesas mostrou que não há garantias de segurança.
- Está claro que, quando há um desastre natural, as tais medidas de segurança falham, mesmo num país com grande avanço tecnológico. O risco nuclear não pode ser controlado - disse Cecile Duflot, líder do partido verde Europe Ecologie - Les Verts.
O temor entre os franceses é de que o incidente no Japão seja tão grave quanto o ocorrido em Chernobyl, em 1986, e com o reator da usina de Three Mile Island, na Pensilvânia, em 1979. A França tem 58 reatores nucleares espalhados por 19 estações, responsáveis por gerar quase 80% da eletricidade usada no país.
Mesmo sem ter usinas nucleares em seu país, manifestantes italianos deixaram claro que são contra o uso da energia, especialmente por causa da vulnerabilidade de seu território a terremotos. A preocupação aumentou depois de o primeiro-ministro, Silvio Berlusconi, declarar que pretende que 25% da energia elétrica do país seja gerada em usinas nucleares.
O governo japonês disse que o reator da usina Fukushima Daiichi não foi afetado e que os níveis de vazamento estão caindo. Um porta-voz do Greenpeace, no entanto, afirmou que a situação é alarmante:
- A explosão em um reator pode ter liberado altas doses de radioatividade, e outros reatores parecem estar em situação crítica.
Após o vazamento no Japão, o vice-ministro de Meio Ambiente da China disse que o país não tem planos de mudar sua estratégia de desenvolvimento de energia nuclear, uma alternativa para combater a poluição preocupante causada pelo carvão.
- Tiraremos algumas lições da experiência no Japão na hora de implementar nosso planejamento de usinas. Mas a China não vai mudar seus planos de desenvolver energia nuclear -, disse Zhang.
(O Globo, com agências internacionais, 13/03/2011)