Na última terça-feira (8), o governo do México, por meio da Secretaria de Agricultura, Pecuária, Desenvolvimento Rural, Pesca e Alimentação (Sagarpa, por sua sigla em espanhol) e da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Semarnat) concedeu a primeira permissão para o plantio piloto de milho transgênico, em Tamaulipas, para a empresa Monsanto. O anúncio provocou indignação imediata nos militantes da Campanha Nacional 'Sín maíz no hay país' e na União de Científicos Comprometidos com a Sociedade (UCCS), que promove o Programa de Agricultura e Alimentação. Eles ressaltam que uma decisão como essa deve ser analisada por técnicos e pedem que o parecer da permissão seja mostrado publicamente.
As organizações civis alegam que esta concessão abriria as portas para o plantio massivo de milhos transgênicos no país, o que colocaria em risco a alimentação da população mexicana e a agricultura nacional. Segundo eles, este plantio viola a Lei de Biosegurança de Organismos Geneticamente Modificados. "Exigimos que o Secretário Mayorga (Sagarpa) cumpra com o compromisso de abrir um debate público entre os assessores científico do governo e científicos da UCCS e outros livres de conflito de interesses”, reivindicam.
A polêmica sobre os alimentos transgênicos, ou seja, modificados geneticamente, é comprovada cientificamente. De acordo com pesquisas, os transgênicos causam sérios riscos à saúde. O cultivo destas sementes prejudica também as comunidades campesinas, que ficam subordinadas aos monopólios. O uso e consumo de transgênicos já foi proibido em diversos países. Os ativistas, que são contra o plantio de transgênicos, acusam o governo de estar servindo aos interesses econômicos da Monsanto e ignorando os argumentos científicos, técnicos e legais sobre plantio de transgênicos.
Eles questionam a recente concessão e dizem que ela é ‘contraditória', já que no início deste ano, a Sagarpa e a Semarnat haviam negado uma permissão semelhante de plantio piloto de milho transgênico para a Monsanto em Sinaloa. No entanto, agora, nas mesmas condições, a permissão foi concedida em Tamaulipas. O governo mexicano investiu em uma pesquisa conduzida pela Comissão Nacional para o Conhecimento e uso da Biodiversidade (CONABIO), que apresentou resultados relevantes referentes à biodiversidade do milho no norte do país. O estudo também revela novas evidências científicas para proibir o plantio de milho em todo o país, conforme os artigos 86, 87 e 88 da Lei de Biodiversidade.
Por causa das contradições, os ativistas ressaltam que o governo não está interessado em impulsionar uma política de Estado, a fim de fomentar a produção campesina de alimentos com tecnologias disponíveis, sem riscos nem controles por monopólios e sustentáveis, mas sim, servir às grandes empresas e ao interesse econômico.
(Por Tatiana Félix, Adital, 11/03/2011)