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fontes alternativas política ambiental espanha
2011-03-10 | Tatianaf

A Espanha pôs freio na utilização de energias limpas para gerar eletricidade, com o governo aprovando um programa de economia para enfrentar a alta da conta do petróleo, que afeta seu compromisso de redução das fontes não renováveis antes de 2020. José Luis García, responsável pela campanha de mudança climática e energia do Greenpeace Espanha, disse à IPS que após anos de avanços a Espanha retrocede no incentivo às fontes renováveis.

Para o ativista, o retrocesso ocorre porque as fontes renováveis “são substitutas de outras fontes que estão controladas por grandes empresas, cujos responsáveis alertaram publicamente o governo sobre sua posição. Pode-se entender que os empresários façam isso, mas não é aceitável que o governo os siga”, criticou.

A União Europeia (UE) aprovou em janeiro de 2010 um plano energético para lutar contra a mudança climática cujo custo é de três euros semanais, em média, para cada cidadão do bloco de 27 países, segundo disse no lançamento do plano o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso. Segundo esse plano, a Espanha planejara redução de 40% nas energias não renováveis antes de 2020 e sua substituição pelas ecológicas.

Contudo, o governo poderá reduzir o objetivo até 5%, em uma decisão apresentada pelo ministro da Indústria, Miguel Sebastián, como parte de um esforço para economizar na conta energética. A energia fotovoltaica, por exemplo, veria seus subsídios diminuírem até 45%. Segundo García, sobre essas medidas de economia anunciadas pelo governo e parte delas colocadas em prática no dia 7, gravita “a pressão de empresas elétricas como Iberdrola, Endesa e Gás Natural”. A conclusão “é que se pode dizer que no presente se está agindo bem, mas que são muito ruins as previsões para o futuro”, acrescentou.

A Espanha é altamente penalizada pelo aumento e pela flutuação dos preços do petróleo por causa da crise na Líbia, já que 84% de sua energia primária não renovável é importada, na maior parte petróleo e gás. Desde 2007, o Congresso rejeitou três propostas da coalizão Esquerda Unida (IU) para limitar a dependência espanhola dos combustíveis fósseis importados e incentivar o consumo de energias limpas. Na elaboração desses projetos, a coalizão contou com apoio da central sindical Comissões Operárias, Ecologistas em Ação, Greenpeace e o escritório na Espanha do Fundo Mundial para a Vida Silvestre.

O pacote energético, aprovado no dia 4 pelo governo do primeiro-ministro socialista José Luis Rodríguez Zapatero, pretende gerar economia anual de US$ 3 bilhões, com medidas temporárias e permanentes, graças à redução das importações energéticas no equivalente a 28,6 milhões de barris de petróleo. A Espanha importa 75% da energia que consome.

O pacote inclui a redução de 120 para 110 quilômetros por hora como velocidade máxima nas estradas, que começou a vigorar no dia 7 e irá pelo menos até 30 de junho. Além disso, será subsidiada a renovação de pneus. Também contempla a diminuição em 5% da importação anual de petróleo e uma campanha de sensibilização e informação para os cidadãos sobre a economia no consumo, bem como subsídios para uso de lâmpadas de baixo consumo. Este tipo de lâmpada se estenderá à iluminação pública de todo o país.

A Rede Elétrica da Espanha, companhia que regula e administra o sistema elétrico em todo o país, informou que, nos dois primeiros meses do ano, 38% da energia foi obtida de fontes não contaminantes, como eólica, hidráulica e fotovoltaica. Esta porcentagem é dois pontos menor do que igual bimestre de 2010 e está abaixo da contribuição dos hidrocarbonos, que representaram 42% do consumo elétrico.

O vice-primeiro-ministro e ministro do Interior, Alfredo Pérez Rubalcaba, disse que o conjunto de medidas, “ainda que impopulares”, se fez obrigatório porque “com o litro da gasolina mais caro da história, é preciso economizar, pois está em jogo a recuperação econômica”. Rubalcaba, do Partido Socialista Operário Espanhol, assegurou que “a Espanha é um país que por muito tempo pensou que a energia fosse gratuita, mas ela é caríssima”.

Do direitista Partido Popular, o principal da oposição, o deputado Gustavo de Arístegui criticou as medidas de economia, especialmente a impopular redução da velocidade. Arístegui propôs que, em lugar de reduzi-la, deveria ser aplicado “um limite de velocidade adequado aos carros do Século 21, de 140, 150 ou mesmo 160 quilômetros por hora em determinados trechos”. E, além disso, controlar que “ela fosse cumprida”.

Adicionalmente, o governo estuda a ideia de promover a produção e o uso de veículos elétricos, o que permitiria aproveitar ao máximo o grande parque de geradores eólicos, que devem ser paralisados por etapas, já que sua produção ultrapassa o consumo desse tipo de energia, que não pode ser armazenada.

O impulso às energias renováveis também é dado, precisamente, pela situação na outra margem do Mar Mediterrâneo. O presidente da Fundação Renováveis, Javier García Breva, disse que as rebeliões populares no norte da África e no Oriente Médio terão consequências graves e imprevisíveis para a importação de petróleo e derivados. Porque, com base em informes da Agência Internacional de Energia e do Banco Central Europeu, a recuperação da economia da UE estará ameaçada se os preços do petróleo subirem acima dos atuais US$ 117 o barril, ou se a situação na Líbia produzir uma crise longa no fornecimento de petróleo.

(Por Tito Drago, IPS, Envolverde, 9/3/2011)


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