Em estudo de órgãos internacionais e universidades da Costa Rica, Colômbia, Brasil e Peru buscará pontuar quais são os efeitos do cultivo de transgênicos na América Latina. A informação é do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultora (IICA) e foi divulgada no Portal Terra.
Ente os aspectos que serão estudados, está a hipótese de as sementes se movimentarem com o vento ou a polinização de pássaros, mantendo seus rastros no novo ambiente ou transmitindo a mutação a espécies silvestres.
O projeto não semeará produtos transgênicos, mas se limitará na observação dos já existentes e se estenderá até julho de 2012. Em cada um dos países que participarão, serão analisados cultivos específicos: no Brasil, será estudada a mandioca; no Peru, a batata; na Costa Rica, o algodão e o arroz e, na Colômbia, o milho, o algodão e o arroz.
A informação é que com a biotecnologia em países como o Brasil, que possuem uma indústria consolidada, será possível esclarecer dúvidas e mitos. Com isso, entre outros aspectos, o objetivo é concluir se os transgênicos causam impacto ou não ao meio ambiente e, se sim, qual é este impacto e em que porcentagem, para que possam ser tomadas as decisões a respeito.
No projeto participam também o Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT), o Centro de Pesquisa Ambiental, a Unicamp, a Corporação Colombiana de Pesquisa Agropecuária e o Conselho Nacional Ambiental do Peru, assim como a Universidade Nacional Agrária La Molina e o Centro de Internacional de La Papa do Peru.
No Espírito Santo, destaca-se na questão de transgênicos os plantios de eucalipto, que devem cobrir o Estado até 2012, segundo os ambientalistas. Com o eucalipto transgênico, as empresas buscam maior rendimento industrial. As variedades transgênicas de eucalipto pretendem aumentar a qualidade da madeira, seja por maior quantidade de celulose, seja pela alteração ou redução do teor de lignina, principal complicador da extração de celulose de um eucalipto convencional, como apontam especialistas.
Os investimentos para produzir os eucaliptos transgênicos são da Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas (Abraf), do Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais (Ipef), da Sociedade de Investigações Florestais (SIF), da Sociedade Brasileira de Silvicultura (SBS), da Associação Brasileira dos Obtentores Vegetais (Braspov) e da Associação Nacional de Biossegurança (Anbio).
Pequenos agricultores alertam que os impactos ambientais deste tipo de espécie vão desde o aceleramento da exaustão da terra, pela absorção de minerais e água, entre outros elementos, pela planta, até a contaminação de espécies nativas. Com os plantios em tempo mais curto, mais agricultores podem deixar os plantios de alimentos trocando pela eucaliptocultura. As árvores transgênicas ameaçam as espécies nativas. No Estado o uso de eucalipto transgênico será assumido, principalmente, pela ex-Aracruz Celulose (Fibria), que já realiza pesquisas nesse sentido.
Já a chocolates Garoto, sediada em Vila Velha, entrou na lista vermelha de transgênicos do Greenpeace, junto com “empresas que não respondem ou que não fazem controle adequado para evitar a contaminação por matéria-prima geneticamente modificada”. A Garoto é do Grupo Suiço Nestlé, o maior do mundo em produtos alimentares.
(Por Flavia Bernardes, Século Diário, 09/03/2011)