Escolhido para presidir a Fibria a partir de julho,  o executivo Marcelo Castelli tem pela frente a missão de colocar em prática os planos de crescimento da empresa de papel e celulose, criada em setembro de 2009 com a fusão entre a Aracruz e a VCP.
 
Apesar do desafio, Castelli diz que - após os esforços para redução de um elevado endividamento e a integração das duas produtoras - a companhia está pronta para tocar o programa de expansão. “A estrada está asfaltada”, comentou o futuro presidente da Fibria em entrevista a jornalistas nesta quinta-feira.
 
Até 2020, o foco é ampliar as operações no Brasil, cujo projeto mais avançado é a duplicação da fábrica de celulose em Três Lagoas (MS).
 
No entanto, também caberá ao executivo monitorar as oportunidades no exterior, já que, como ele mesmo diz, o grupo precisa sempre olhar 21 anos à frente, o período equivalente a três ciclos do eucalipto - de seu cultivo ao corte.
 
“Todas essas pautas estão em nossa cabeça”, afirmou Castelli, referindo-se também à posição da Fibria em meio ao movimento de consolidação no setor.
 
Castelli, que hoje dirige as áreas de estratégia e suprimentos da Fibria, diz que soube no início de janeiro que seu nome seria indicado ao comando executivo do grupo. Pesou na escolha, sua participação no projeto de integração - onde definiu diretrizes conceituais e administrativas para a nova empresa -, além da experiência de mais de 25 anos no setor de papel e celulose, exercendo diversas funções.
 
Carlos Aguiar, o atual presidente, conta que Castelli vinha sendo preparado para assumir um posto de liderança máxima desde antes do surgimento da Fibria, quando ele ainda trabalhava na VCP.
 
“O Marcelo tem conhecimento de tudo que a gente fez para que a integração saísse rápido”, comentou Aguiar, que alegou motivações pessoais para deixar o cargo. Segundo ele, o processo sucessório já vinha sendo discutido desde que assumiu a presidência, na mesma época de criação da Fibria.
 
Dentro de uma fase de transição, Aguiar seguirá dando suporte ao próximo presidente até dezembro. Depois disso, assumirá em janeiro um assento no conselho de administração da empresa.
 
Castelli, salvo uma mudança abrupta de cenário, diz que espera ter um mercado favorável em seus primeiros anos na presidência. Sem a entrada de novas capacidades nos próximos dois anos, a demanda aquecida na Ásia – sobretudo na China – deverá manter o preço da celulose em patamares elevados, acredita.
 
Após isso, o executivo prevê que os preços passarão a ser pressionados para baixo, como resultado de um aumento da oferta com a conclusão de projetos de expansão produtiva.  Esse ciclo, aposta, deverá durar de um a dois anos, dado que o próprio barateamento do produto provocará o fechamento das unidades com custo operacional mais alto, levando a um ajuste da oferta.

(Eduardo Laguna, Valor Online, 03/03/2011)