A Dinamarca pode ser uma nação livre dos combustíveis fósseis até 2050. Pelo menos foi o que afirmou a Comissão Climática do país num relatório. De acordo com os dados apresentados, o país teria que investir 0,5% do seu PIB – cerca de 2,95 mil milhões de dólares – para que isso seja possível.
A comissão declarou que o investimento será relativamente barato porque nas próximas décadas os preços dos combustíveis fósseis tendem a aumentar cada vez mais, enquanto o valor das fontes renováveis cairá e também porque grande parte da tecnologia necessária para a mudança já existe.
Além dos preços definidos pelo mercado internacional, outro fator que contribuirá para o aumento do valor dos combustíveis fósseis são as taxas e impostos internos determinados pelo governo dinamarquês, que se tornarão mais caros.
O governo já apresentou um plano para investir em renováveis, que inclui a energia eólica e o biogás, visando ser livre de combustíveis fósseis até 2050. Em 2020, o país pretende dobrar a sua produção de energia eólica para 42% do total da capacidade energética.
Até lá, a Dinamarca visa ter cortado 6% do seu consumo anual de energia em relação aos níveis de 1990, e para 2050, a nação espera já ter diminuído 25% do seu gasto energético.
O primeiro-ministro dinamarquês Lars Løkke Rasmussen prometeu que em breve o governo apresentaria um projeto de como se tornar totalmente independente dos combustíveis fósseis. “Um plano de transição como esse afetará todos os setores da sociedade e todos os aspectos da política. Estamos a enfrentar decisões difíceis de adotar. Não é um objetivo que se consegue de um dia para o outro, mas sabemos que precisamos de começar”, enfatizou.
O país receberá subsídios por parte do governo para a produção de biogás, o aumento de bio-aditivos nos combustíveis, a instalação de novas turbinas eólicas onshore e a expansão das usinas eólicas offshore, passando a capacidade instalada de 3GW para algo entre 10GW e 18,5GW.
O governo dinamarquês também pretende aumentar a eficiência para a produção e consumo de energia e instalar conexões internacionais, que permitam a exportação de energia quando houver excedente e a importação em épocas de pouco vento.
Com essa alteração nos padrões energéticos, a nação espera reduzir as emissões de carbono em 75%. Para chegar à meta de reduzir 95% das emissões, sugerida pelos cientistas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OECD, em inglês), outros setores da economia, sobretudo a agricultura, também terão que passar por mudanças.
Essas transformações farão com que tanto a população quanto as empresas paguem mais pela energia, mas segundo o Ministério do Meio Ambiente essas medidas não prejudicarão a competitividade do país em relação à produção de energia.
“Ninguém está a dizer que aplicar investimentos maiores em eficiência energética e expandir o uso de energia renovável será de graça”, ressaltou o ministro do Clima e Energia Lykke Friis.
(Pela Natureza, 01/03/2011)