Equipes do Cevs orientam a população a manter locais sem água parada.O secretário estadual da Saúde, Ciro Simoni, esteve no município de São Luiz Gonzaga na sexta-feira para acompanhar mais de perto o trabalho realizado pelas equipes de combate à dengue e visitar as unidades médicas para conferir o preparo das equipes no acompanhamento dos pacientes que apresentam os sintomas da doença. Em entrevista coletiva realizada antes da viagem, ele alertou não só a comunidade de São Luiz Gonzaga, no Noroeste do Estado, mas de todas as regiões, e disse que, com os quatro casos confirmados, sendo um deles importado, já pode ser considerado um princípio da epidemia.
Com a confirmação, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) acredita ser melhor trabalhar com a hipótese de surto, o que traria mais atenção e comprometimento das comunidades envolvidas. O município deve decretar situação de emergência por causa da dengue. Os contaminados passam bem e se recuperam em casa.
Durante o sábado e o domingo foi aplicado inseticida em um raio de 300 metros das residências dos infectados.
Depois dessa etapa, o trabalho será estendido a toda a cidade. Meira aguarda a contratação emergencial de mais seis fiscais de combate ao mosquito. As equipes de fiscalização atuarão em duas frentes: a aplicação de inseticida nas ruas, o que atinge apenas o mosquito adulto, e o trabalho de casa em casa para a conscientização e eliminação de focos de água parada.
Outra preocupação das autoridades locais é com as pessoas que não permitem o acesso dos fiscais nas residências para realizarem a limpeza dos pátios e a aplicação do inseticida. A prefeitura pretende recorrer ao Judiciário para solicitar auxílio.
Além destes casos, 67 municípios têm registro de infestação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença. Já foram totalizados 156 casos que estão sendo investigados pelo Laboratório Central do Estado, 17 deles em São Luiz Gonzaga. Além dos quatro confirmados, outros 11 continuam em análise.
Este ano, no Rio Grande do Sul, foram confirmados dois episódios importados, um em Guaíba, de uma pessoa que contraiu a doença no Pará, e o outro em Montenegro, de paciente que foi contaminado no Rio de Janeiro. "Com esta proliferação do mosquito facilitada com os períodos de calor desta época do ano aliado com as chuvas, o mosquito irá se desenvolver e obviamente teremos mais casos no Rio Grande do Sul", alertou Simoni.
O governo pede a colaboração da população para evitar locais com água parada e assim não permitir que o foco do mosquito se prolifere. "Esperamos que a comunidade atue junto no combate a esta epidemia. Nós estamos nos comportando como se estivéssemos dentro de um processo de alerta máximo", explicou Simoni. "Temos que ampliar um trabalho que já existia, o trabalho de combate ao mosquito e junto com os profissionais de saúde para que eles continuem nos informando, sem deixar de mencionar casos suspeitos."
Municípios da região das Missões também reforçaram o trabalho de prevenção após o surgimento dos casos em São Luiz Gonzaga. Representantes das secretarias municipais juntamente com a SES se reuniram para planejar estratégias de ação no combate à doença. O diretor do Centro Estadual de Vigilância Sanitária (Cevs), Celso dos Anjos, ressaltou que, no surgimento de qualquer um dos sintomas causados pela dengue, o cidadão deve se dirigir diretamente a um hospital. "Ao sentir fortes dores no corpo como as provocadas por gripe, febre alta, dor no fundo dos olhos e questões hemorrágicas, estes são os principais sinais de um possível caso da doença", exemplificou. O Cevs colocou à disposição do município máquinas bomba-costais, usadas na pulverização de inseticida pelas ruas do município.
Em virtude do surgimento desta epidemia em São Luiz Gonzaga, a prefeitura pediu ajuda do Exército no combate à doença. O comando das Forças Armadas na região irá ceder alguns soldados para participar de um mutirão que deve começar ainda nesta semana.
(JC-RS, 21/02/2011)