O aquecimento global resultante da ação humana (emissão de gases do efeito estufa) pode ter aumentado a quantidade de chuvas no hemisfério norte.
É isso que dizem cientistas da Escócia e do Canadá, membros do IPCC (o painel da ONU para o clima), em estudo publicado na "Nature".
Os especialistas estudaram dados de precipitação na segunda metade do século 20 (de 1951 a 1999) na América do Norte, Europa e Ásia.
Depois, eles criaram um "índice baseado em probabilidades", a partir dos dados das chuvas diárias e acumuladas em cinco dias. e detectaram uma possibilidade real de aumento das chuvas
De acordo com os especialistas, a capacidade de retenção de água atmosférica aumenta quando a temperatura está mais alta.
Os resultados da pesquisa, porém, não são aplicáveis ao hemisfério sul.
"Nosso estudo não permite dizer se o aumento de chuvas na América do Sul também é consequência da ação humana", disse à Folha o climatologista Francis Zwiers, um dos autores do trabalho.
Mas, de acordo com o climatologista José Marengo, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o Brasil já tem feito pesquisas usando os mesmos índices de chuva extremas que indicam que a ação humana aumenta a quantidade de precipitações.
MAIS ENCHENTES
Em estudo paralelo, publicado na mesma edição da revista "Nature", cientistas dos EUA e Europa estudaram dados sobre inundações da Inglaterra e País de Gales, desde que os registros começaram, em 1766.
Na maioria dos modelos utilizados na pesquisa, o risco de enchentes aumentou 20% nesses países em 2000 (quando houve uma grande inundação nesses países).
O aumento das enchentes nesses dois países estaria relacionado tanto ao aumento das chuvas, quanto ao derretimento de geleiras.
"Vale ressaltar que enchentes estão mais relacionadas com a urbanização caótica do que com o aumento da quantidade de chuvas", completou Marengo.
"Isso inclui as áreas serranas so Rio de Janeiro. Houve aumento de chuvas, mas a urbanização fez com que acontecesse o desastre", diz.
(Folha.com, 17/02/2011)