A Associação dos Catadores do Aterro do Jardim Gramacho recebeu hoje (15) a visita de empresários interessados em conhecer o processo de reciclagem realizado pelos catadores para as indústrias. A iniciativa do encontro partiu da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), por meio do seu Conselho Empresarial de Responsabilidade Social.
De acordo com a gerente do conselho, Cláudia Jeunon, a ideia é estimular o investimento das empresas na cadeia de reciclagem em prol da sustentabilidade. Ela informou que a Firjan está contribuindo para a regulamentação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, aprovada no fim do ano passado e que estabelece a responsabilidade das indústrias pelo gerenciamento dos seus resíduos sólidos e das etapas de coleta, transporte, tratamento e destinação final.
“Estamos trabalhando na regulamentação e achamos por bem trabalhar e ouvir o movimento dos catadores para que a gente trace os pontos em comum entre indústria e catadores. Os catadores serão muito importantes, em virtude da logística reversa proposta pela lei de resíduos”, disse Cláudia.
Outra preocupação é a redução de impostos na cadeia produtiva de reciclagem. “Não faz o menor sentido. Eles tiram o plástico, o vidro, a lata do lixo. Aí, eles vendem esse produto. Se for intra-estado, tem que pagar ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) de uma coisa que já foi paga. E eles fizeram um favor à sociedade de retirar (o material aproveitável) do lixo”.
No aterro do Jardim Gramacho, trabalham ainda quatro cooperativas. São 2.500 pessoas que atuam diretamente na coleta. No ano passado, a associação dos catadores formou 200 pessoas em um curso ministrado no próprio local.
Para o presidente da Associação, Tião Santos, é preciso dar condições aos catadores, que são responsáveis por 89% de todo o lixo reciclado atualmente. “Ainda hoje o Brasil recicla 1% da sua capacidade. Se, com a nova política, a meta é atingir 10%, vai ter uma demanda muito grande de materiais. E, para isso, as cooperativas precisam de infraestrutura, investimento em caminhões, maquinários, para escoar toda essa demanda. Os membros das cooperativas precisam entender muito mais de logística, planejamento, rota”, explicou Santos.
(Agência Brasil, JB Online, 16/02/2011)