O casamento entre a força da natureza e a tecnologia pode impulsionar Santa Catarina do oitavo para o terceiro lugar no ranking de capacidade de produção de energia eólica do país. A notícia é resultado da construção de 86 aerogeradores em seis novos parques em Água Doce, no Meio-Oeste.
Graças aos bons ventos, as novas torres devem gerar 129 megawatts/hora. Três dos seis parques entram em funcionamento em julho.
A produção total poderá abastecer uma cidade do tamanho de Joinville, que tem mais de 500 mil habitantes. A energia produzida vai para a subestação da Celesc e pode ser distribuída para qualquer lugar do Brasil.
Hoje, entre os nove Estados produtores de energia eólica, Santa Catarina ocupa a oitava posição, na frente apenas do Paraná. Com os investimentos, a atual capacidade será multiplicada por 10, fazendo o Estado saltar para terceiro lugar.
Com a venda da energia das novas torres, a estimativa é de uma receita mensal de R$ 6,8 milhões, durante 20 anos, para a argentina Impsa, maior investidora de energia eólica no país. Segundo o gerente de projetos, Jairo César Moro, foram dois anos de estudo para avaliar os ventos.
— A energia já foi negociada através de leilão. Temos a garantia da venda em contrato. Santa Catarina deve mostrar ao país o seu potencial.
Os investidores acreditam tanto nessa capacidade que devem injetar R$ 770 milhões na construção dos seis novos parques de Água Doce.
Empresa também investe em Bom Jardim da Serra
A Impsa também está construindo 61 torres na cidade de Bom Jardim da Serra, no Planalto, onde já existe um aerogerador em funcionamento em caráter de experiência. Em contrapartida às construções, a empresa terá de desembolsar compensações. A principal é um tributo ambiental, de 0,5% do investimento, cerca de R$ 3,6 milhões, pagos ao governo do Estado e para a pesquisa da fauna que habita a região. A medida é uma exigência para a licença de operação dos parques.
Este documento também foi necessário em 2002, quando iniciou a construção das 23 torres que estão em operação na divisa com Palmas (PR). A geração de energia começou em 2004 e chega a 13,8 megawatts/hora, o que dá para abastecer uma cidade de 80 mil habitantes.
Os investimentos também impulsionam a economia. Com 7 mil habitantes, Água Doce arrecada R$ 1 milhão por mês, 85% do setor agrícola. Com os novos parques, a estimativa é de um aumento de 20% na arrecadação. Segundo a prefeita Nelci Bortolini, os parques também garantem o aumento do turismo local.
Tudo pronto até dezembro
A obra dos seis novos parques eólicos de Água Doce começou em abril do ano passado. Agora, estão sendo finalizadas as etapas de construção dos acessos e das bases para os aerogeradores. Os responsáveis pelas usinas abriram 62 quilômetros de estradas para o trânsito dos caminhões e trabalham na construção de uma subestação em meio às torres.
Tudo na obra é gigantesco, inclusive as bases que darão sustentação às torres. Elas têm diâmetro de 15 metros e são construídas em concreto maciço. Cada uma precisa de 42 caminhões de cimento, o que daria para construir um prédio de oito andares. Toda a estrutura tem uma explicação. Cada torre terá cem metros de altura e vai pesar 317 toneladas.
A previsão é de que as obras sejam concluídas no final do ano. Três parques devem ser entregues até julho.
Hoje, 600 homens trabalham na obra. Uma fábrica de concreto também foi instalada no local para dar conta da demanda do projeto.
Os terrenos onde estão instalados os parques pertencem a 28 proprietários diferentes. Eles são alugados pela empresa responsável, com contrato de 20 anos. Cada dono de terra recebe um valor anual, calculado de acordo com o número de torres.
E ninguém precisa parar as atividades por conta disso. A maioria da área serve para o cultivo da soja e também à criação de gado. Harmonia que já garantiu ao município, pioneiro no Estado com esse tipo de geração de eletricidade, o título de capital catarinense da energia eólica.
(Por Daisy Trombetta, Diário Catarinense, 16/02/2011)