Análise do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgada na última terça-feira (15) aponta que a oferta de energia no Brasil segue dividida entre fontes poluentes e não poluentes.
Tendo como referências planos do governo para a área energética, como o Balanço Energético Nacional, o Plano Decenal de Expansão de Energia 2008-2017 e o Plano Nacional de Energia 2030, o texto faz um balanço sobre a matriz energética brasileira atual e destaca ações que considera importantes para deixar o cenário mais sustentável no futuro.
"O Brasil tem sido exemplo mundial no uso de energias renováveis ao manter, desde os anos 1970 até 2009, matriz energética que oscila entre 61% (1971) e 41% (2002) originada de fontes renováveis", indica a análise.
Em 2008, a parcela de energias renováveis no país foi de 45,9%, "bastante superior à média global, de 12,9%", segundo o texto. As renováveis incluem a participação de hidrelétricas e produtos da cana-de-açúcar, como o etanol e o bagaço, além do carvão vegetal e a lenha.
Apesar disso, o relatório diz que "continuará forte a dependência do petróleo na matriz, até 2030". A energia gerada a partir desta fonte não renovável deverá responder por pelo menos um terço do total nos próximos 20 anos, destaca o texto. "A matriz passou de altamente dependente de lenha e carvão vegetal para altamente dependente do petróleo, a partir da década de 1940, quando se alavancou a industrialização do país", diz o relatório.
A análise do Ipea ainda indica redução "pequena" no percentual de participação de fontes renováveis até 2030, sobretudo considerando a dimuição da fonte hídrica, mesmo com a construção de novas hidrelétricas, e o aumento da capacidade a partir de usinas térmicas.
Segundo o texto, a participação da energia eólica cresceu no país nos últimos anos e a opção mostra-se hoje como economicamente viável. Já o setor da energia solar ainda é "tímido", diz o relatório, e sua participação na matriz brasileira é hoje considerada residual.
O texto também avalia a influência no setor na poluição atmosférica. "Por ser uma atividade naturalmente impactante", aponta o relatório, "o setor energético é responsável por quase 10% de todo o consumo final de energia no país." Dessa forma, o setor responde por cerca de 16% das emissões nacionais de gases de efeito estufa no Brasil.
O Ipea ainda indica que a previsão de investimentos na área de geração de energia, "inclusive em atividade com grande impacto ambiental", não estão vinculados com a área de meio ambiente. Para os técnicos do instituto, seria "desejável" que os dois assuntos fossem tratados em conjunto.
(Gazeta Web, 16/02/2011)