Nesta terça-feira, o Panamá foi tomado por manifestações pacíficas contrárias à mineração. O dia de protesto nacional foi agendado pelo povo Gnäbe Buglé a fim de mostrar ao governo do presidente Ricardo Martinelli que a população panamenha e os povos indígenas não vão aceitar a entrega de seus territórios à indústria da mineração metálica. Organizadas pela Unidade de Luta Integral do Povo (ULIP), as ações tiveram início às 10h da manhã em San Felix. Ao meio-dia, mais uma concentração aconteceu em frente ao Banco Geral de Santiago e no Hospital Aquilino Tejeira, em Penonomé. Na parte da tarde, as ações tiveram continuidade às 15h na Avenida Central de Changuinola e às 16h em frente à Via Espanha, na Cidade do Panamá.
Antes mesmo do dia planejado, já foram realizadas manifestações. Ontem (14), em frente à sede do governo da província de Chiriqui, um grupo promoveu uma ação pacífica contra a mineração e distribuiu folhetos aos transeuntes. De acordo com o periódico panamenho La Estrella, enquanto a ação se desenvolvia, a governadora da província, Aixa Santamaría, discutia com um grupo de diretores regionais de diversas organizações, prováveis soluções para as demandas sociais dos povos indígenas.
Na última quinta-feira, dia 10, por 42 votos a favor e 15 votos contra, o Congresso panamenho, de maioria oficialista, aprovou as reformas do Código de Recursos Minerais. Dessa forma, será mais fácil para o governo facilitar os investimentos estrangeiros no país. A notícia não agradou a população e despertou revolta entre estudantes e indígenas.
Após o anúncio da aprovação legislativa do projeto, ocorreram enfrentamentos entre policiais e indígenas, que estavam nas ruas próximas ao prédio do Congresso aguardando o resultado. Na universidade estatal também foram registrados protestos e as aulas foram suspensas para prevenir novos enfrentamentos. Na ocasião, o presidente da comarca indígena Ngöbe-Buglé, Pedro Rodríguez, deixou clara a intenção de seu povo de lutar até as últimas consequências para defender o território da exploração mineira praticada por empresas estrangeiras.
(Por Natasha Pitts, Adital, EcoAgência, 16/02/2011)