Matéria do Globo Rural mostra que desde 2006 a transnacional Monsanto financia o Fundo de Pesquisa Embrapa por meio do repasse de verbas. Em novembro, o diretor-executivo da Embrapa, José Geraldo Eugênio de França, recebeu a quantia de R$ 5,9 milhões. A quantia deve financiar, por três anos, nove projetos da Empraba.
Há 37 anos, o agrônomo Josias Corrêa Faria aparece em lugar de destaque no quadro de funcionários da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Arroz e Feijão, com sede no município de Santo Antônio de Goiás, a 35 quilômetros da capital goiana. No momento, o pesquisador coordena estudos relacionados ao desenvolvimento de feijão geneticamente modificado, a fim de produzir grãos resistentes a doenças como mofo branco e mosaico dourado.
Mas, além de dedicação e paciência, Faria necessita de apoio financeiro para fazer com que os estudos saiam do papel - e a mais nova injeção de recursos para a concretização de pesquisas da Embrapa parte da Monsanto.
Desde 2006, a multinacional financia o Fundo de Pesquisa Embrapa-Monsanto por meio do repasse de verbas para o desenvolvimento de soluções agrícolas, em sua maioria na área de biotecnologia. Para viabilizar o projeto, a empresa abre mão do pagamento de royalties sobre a comercialização das variedades de soja com a tecnologia Roundup Ready. A companhia estima que mais de R$ 25 milhões já contemplaram dezenas de estudos, ainda em andamento.
No final de novembro (29/11), houve um evento para repassar ao fundo a quantia de R$ 5,9 milhões, referente aos royalties da safra de soja 2009/2010. A cerimônia ocorreu na sede da Embrapa Arroz e Feijão, em Goiás. O cheque simbólico foi recebido pelo diretor-executivo da Embrapa, José Geraldo Eugênio de França e, durante três anos, financiará nove novos projetos, de diversas unidades da Embrapa. “Investir em projetos que possam fazer a diferença na agricultura nacional é o principal objetivo do fundo”, declarou André Dias, presidente da Monsanto do Brasil.
A seleção das pesquisas contempladas é feita por uma comissão formada por membros da Embrapa e independe do portfólio de produtos da Monsanto. “Tecnologia é solução para criar alternativas que aumentem a produção de alimentos, enquanto o mundo enfrenta problemas com mudanças climáticas e falta de água doce”, explicou Eugênio. O chefe-geral da Embrapa Arroz e Feijão, Pedro Machado, resume a importância da parceria. “Ciência boa é ciência útil”.
Os recursos irão contemplar os seguintes projetos de pesquisa da Embrapa:
1- Feijão resistente ao mofo via engenharia genética.
2- Melhoramento do algodão convencional resistente a nematóide das galhas.
3- Desenvolvimento de plataforma de dados sobre os biomas brasileiros.
4- Estudo do impacto ambiental de milho transgênico Bt sobre a entomofauna, microbiota do solo e produção de grãos.
5- Programa de contenção e rastreamento para desenvolvimento de genótipos de algodão tolerantes a glifosato e resistentes a insetos.
6- Identificação de plantas daninhas resistentes ao herbicida glifosato.
7- Formulação de biopesticidas a base de vírus, fungos e bactérias para o controle da lagarta do cartucho.
8- Transformação de arroz com genes relacionados à tolerância à seca e aumento do potencial produtivo.
9- Prospecção de genes de cana-de-açúcar para melhoramento genético visando tolerância à seca.
(MST, 15/02/2011)