Cerca de 13%, ou algo próximo a 900 milhões de pessoas, vivem sem acesso à água potável ao redor do mundo. Outros 39%, ou aproximadamente 2,6 milhões de pessoas, não contam com saneamento básico.
Na América Latina, 85 milhões de pessoas não têm água potável e outros 115 milhões vivem sem saneamento básico. No Brasil, somente 48% do esgoto doméstico é tratado. A Amazônia concentra 20% de toda água doce superficial do planeta. Esse quadro dramático é responsável direto pela morte direta de 1,5 milhão de crianças com menos de cinco anos, vitimadas por diarréia.
Os dados acima fazem parte do texto-base da Campanha da Fraternidade 2011, promovida pela Igreja Católica, e cujo tema deste ano é “Fraternidade e Vida no Planeta”. A campanha começa no na quaresma.
Sua finalidade é contribuir para a conscientização das comunidades cristãs e pessoas de boa vontade sobre a gravidade do aquecimento global, e motivá-las a participar dos debates e ações que visam enfrentar o problemas e preservar as condições de vida do planeta.
Devido a gravidade da falta de água, a Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) aprovou ano passado resolução afirmando que a água e o saneamento são direitos humanos essenciais. Ao mesmo tempo, pediu aos governos e organismos internacionais que intensificassem os esforços para sanar essas carências.
A ONU coloca em evidência a situação dramática referente aos recurso hídricos que afeta 2/3 da humanidade. Segundo a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a aprovação da resolução é significativa, porque, alerta a entidade, “neste contexto de aquecimento global e mudanças climáticas, a tendência é que os debates relativos à problemática da água, sejam monopolizados por uma eventual crise de oferta de água potável num futuro próximo”.
Cenários traçados por grandes potenciais, entre quais os Estados Unidos, acenam para eventuais guerras regionais, inclusive na Amazônia brasileira, pelo acesso à água. Ano passado a Agência Amazônia denunciou que navios-tanques traficam águados rios da Amazônia. Deputados anunciaram que iriam investigar a situação. Chamaram autoridades do governo, mas não houve uma investigação profunda. Em Manaus (AM), Jeff Moats, empresário norte-americano, descobriu que água é um negócio lucrativo. Investiu US$ 12 milhões na marca Equa Water. A água é tirada dos arredores de Manaus.
Por conta dessa realidade, a CNBB defende uma amplo debate acerca dos recursos hídricos: a revisão dos usos da água doce e dos desperdícios, colocando no centro o direito humano, de todos os animais e da própria terra. Segundo a CNBB, iniciativas nesse sentido devem ser adotadas para impedir a carestia da água potável diante da possibilidade de escassez do produto no planeta.
(Por Chico Araújo, Agência Amazônia, 14/02/2011)