Se depender da população de Uspallata, na província de Mendoza, Argentina, o projeto mineiro de San Jorge não sairá. Na última quarta-feira (9), mais de cem pessoas marcharam pelas ruas da província em rechaço à decisão do Poder Executivo em conceder a Declaração de Impacto Ambiental (DIA) ao projeto de San Jorge.
As manifestações contra o projeto mineiro aumentaram ainda mais na última segunda-feira (8), após a emissão da Declaração de Impacto Ambiental (DIA) para a mina San Jorge. A autorização foi dada por Celso Jaque, governador da província de Mendonza. Neste momento, o documento está no Legislativo Provincial para ser submetido à revisão e votação dos legisladores.
Na quarta-feira, os manifestantes foram em marcha até a sede do Legislativo para repudiar a aprovação do governo e chamar atenção dos legisladores para o projeto. Caso seja aprovado no Legislativo, a empresa canadense Coro Mining poderá iniciar a exploração de ouro e cobre na região de Uspallata.
Em comunicado, a Assembleia Popular pela Água rechaçou a atitude do governo de Mendonza, destacando que boa parte da população está contra a instalação do projeto mineiro em Uspallata. De acordo com a Assembleia, 77% dos expositores na audiência pública rechaçaram a mina e mais de 15 mil pessoas em toda a província assinaram documentos contra o projeto na região.
"Esta decisão não nos surpreende nem por um instante. Por quê? Porque aprovar San Jorge é parte de um modelo extrativo mineiro agroexportador que impõe à Nação e que submete comunidades inteiras à pobreza, ao desalojamento, à perda do patrimônio cultural, e, ainda pior, à contaminação de seu território e fontes de água, pondo em perigo a vida de povos inteiros. Nosso governo provincial responde e reproduz a nível local esse modelo e San Jorge é somente um exemplo das mineiras que estão dispostos a deixar entrar, submetendo-as a ridículas ‘condições’ para que fiquemos tranquilos enquanto eles entregam o país”, desabafou.
Além disso, a Assembleia alertou para a questão da água na região. Segundo o comunicado, Mendonza vive uma crise hídrica e o governo, no lugar de privilegiar a água para os cidadãos da província, prioriza "a água para os de fora [...], permitindo a grandes empresas o saque como este de consumir 141 litros de água por segundo, não para o consumo humano, nem animal, nem agrícola, mas para que brilhem os minerais que levam”.
Opinião de profissionais
O rechaço ao projeto mineiro não parte apenas de organizações ambientalistas e da comunidade local. Em outubro do ano passado, 107 profissionais – entre eles, engenheiros, químicos, professores de tecnologia e mestres em gestão ambiental – entregaram relatórios sobre San Jorge à Secretaria do Meio Ambiente. Nos documentos, os especialistas rechaçaram a conclusão "satisfatória” do Ditame Técnico da Universidade Tecnológica Nacional (UTN).
(Por Karol Assunção, Adital, 14/02/2011)