A 11ª edição do Fórum Social Mundial (FSM), que se encerra nesta sexta-feira, em Dacar, no Senegal, marcou o retorno do maior evento de movimentos sociais do planeta à África. Mas o encontro, que começou no domingo, representou também um caos organizacional para os participantes.
Na quarta-feira, por exemplo, o evento enfrentou falta de salas de aula para reuniões, cancelamentos e transferências de palestras, tudo com nível de informação mínimo.
Desde antes de seu início, o FSM 2011 em Dacar já gerava expectativas mais modestas em termos de organização. Participantes vindos da Europa para a África demonstravam tolerância em relação à estrutura disponível.
Mas com o passar dos dias a situação se mostrou ainda mais preocupante. Já no domingo, jornalistas de todo o mundo chegaram a passar quatro horas à espera de credenciais para a cobertura. E os problemas de logística foram se multiplicando. Falta de cumprimento dos horários e déficit de informação foram problemas crônicos.
A isso se somou a falta de entendimento com a reitoria da Universidade Cheikh Anta Diop, que retomou as aulas após um período de greve, ignorando o acerto prévio para a realização do fórum. A paciência de alguns participantes começou a se esgotar gradativamente.
"Por causa das dificuldades que estamos enfrentando com a organização, duas atividades foram marcadas simultaneamente com o mesmo convidado", explicou a brasileira Rita Freire, editora para o FSM da ONG Ciranda, pedindo desculpas à plateia pelo atraso de quase duas horas na palestra do sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, um dos ideólogos do fórum.
A desorganização fortaleceu a candidatura de Porto Alegre, que pretende voltar a sediar o evento, que já recebeu em 2001, 2002, 2003 e 2005. A Capital gaúcha recebeu até o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Acho bom", afirmou em Dacar, ao ser questionado sobre a candidatura. "Porto Alegre já tem know-how para fazer o fórum." Lula, inclusive, antecipou sua participação se a candidatura se mantiver. "Eu vou, claro."
A disputa se dá em torno da próxima edição centralizada, que acontecerá em 2013. Montreal e cidades europeias estão na disputa pelo FSM em 2013. Seria a primeira edição do fórum realizada no Hemisfério Norte.
Mas os ativistas de entidades gaúchas estão otimistas e organizados por Porto Alegre. O Conselho Internacional do FSM vai avaliar uma carta assinada por lideranças de ONGs e representantes governamentais oferecendo apoio da cidade.
Já é certo que a Capital gaúcha terá atividades na edição descentralizada do FSM 2012, a exemplo do que ocorreu no ano passado, quando Canoas, Gravataí, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Sapucaia do Sul e Sapiranga também promoveram o evento.
(JC-RS, 11/02/2011)