A Área de Proteção Ambiental (APA) Praia Mole e mais duas lagoas de Carapebus estão ameaçadas por invasões e desmatamentos. Segundo a denúncia feita pelo Instituto Goiamum, a degradação avança por ocupações ilegais em áreas de alagado, deposição de lixo, queimadas e desmatamento da mata atlântica em avançado estado de recuperação.
A informação é que, por trás da degradação, um grupo de pessoas se mobiliza na região para coagir moradores, com o objetivo de desocupar imóveis e desmatar as Áreas de Proteção Permanente (APPs), ampliando as construções.
“Há um movimento de invasão no balneário de Carapebus que começou no período pré-eleitoral. Até o momento apenas quatro imóveis situados em áreas de preservação foram notificados pelo Iema (Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos), mas o processo não prosseguiu. Neste sentido, estas construções estão sendo consolidadas”, denunciou Iberê Sassi, do Instituto Goiamum.
Já foram ocupadas as regiões de alagados e fundo de vale, onde toda a proteção vegetal das APPs foram destruídas. O Sítio Casarão, que fica na área da APA Praia Mole, também vem sendo destruído, segundo Iberê Sassi, e sem qualquer autorização da Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Serra ou do Iema.
O Sítio Casarão, segundo o Instituto, pertence atualmente à empresa imobiliária MRV, que iniciou a demolição de edificações que podem ser consideradas de patrimônio cultural da Serra, em desrespeito ao Plano Diretor Urbano (PDU) e sem autorização dos órgãos competentes.
Segundo Iberê, duas chácaras da região também foram ocupadas e pelo menos 40% da mata atlântica que se encontrava em estado avançado de recuperação foi destruída. O dano ocorreu na chácara de n° 33 e 34, na avenida Augusto Ruschi.
Na região, o sentimento é de apreensão. “Proprietários vem sendo ameaçados após um grupo chegar aqui e pretensamente conseguir anular a venda do espólio que vai desde Novo Horizonte até Bicanga. Eles estão expulsando as pessoas do terreno ou pedindo pra negociar a área. Já possuem inclusive um escritório na região”, denunciou.
A informação é que moradores da região por mais de 20 anos e que adquiriram seus terrenos de forma legal estão se sentindo acuadas pela movimentação. “Pessoas têm sido expulsas de seus lotes com documentação falsificada e o nível de invasões, destruições e edificações em áreas de preservação permanente estão além de qualquer controle”.
Segundo o Instituto Goiamum, o fato foi denunciado ao Ministério Público Estadual (MPES), ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), ao Iema e à Polícia Ambiental.
O Iema, responsável por notificar invasões foi procurado, mas não divulgou sua posição sobre o problema, até o fechamento desta edição.
(Por Flavia Bernardes, Século Diário, 09/02/2011)