Quem consome milho verde, pastéis, petiscos e outros alimentos na beira do mar não imagina a quantidade de resíduos poluidores que são gerados pelos quiosques. Somente em Tramandaí, são gerados 400 quilos de óleo por semana, segundo o responsável pelo programa de recolhimento do resíduo, Antônio Alves.
Um acordo entre a prefeitura e a empresa Ecosinos tem garantido que todo esse material não vá parar em rios, lagoas costeiras e no esgoto. "Temos uma parceria e ela funciona muito bem. Os quiosqueiros recebem um galão para armazenar o óleo usado nas cozinhas e semanalmente é feito o trabalho de recolhimento", diz o secretário do Meio Ambiente, Milton Haack. De acordo com ele, a ideia surgiu durante a Festa do Peixe, em 2007, quando se constatou que 4 mil litros de óleo eram gerados em 20 dias e não tinham destino correto.
A destinação correta dos resíduos é essencial para preservar a natureza porque ao jogar óleo na pia, por exemplo, você contribui para o entupimento da rede de canos e dificulta o tratamento de esgoto.
O óleo sem tratamento se espalha pelos rios e represas, contaminando a água e ameaçando diversas espécies de animais e plantas. Além disso, pode impermeabilizar o solo e contribuir para alagamentos e enchentes.
Para onde vai?
O óleo recolhido nos quiosques de Tramandaí tem pelo menos dois destinos certos: produção de biocombustíveis e ração animal. Segundo o secretário do Meio Ambiente, Milton Haack, após passar por um processo de refino, o óleo é misturado a outros combustíveis e usado em máquinas, como tratores, por exemplo.
Já o destinado à produção de ração, é misturado a restos de ossos e soja triturados e serve como um ótimo suplemento alimentar para animais.
Capão tem central de recolhimento
O município de Capão da Canoa também tem um programa de recolhimento de óleo e outros resíduos. O projeto Quiosque Legal, do qual todos os estabelecimentos da beira mar participam, funciona através de uma central para onde os comerciantes ligam para avisar que o galão está cheio e marcam uma visita para que o recolhimento aconteça.
"Funciona muito bem, eles vêm buscar no dia que você liga", diz o quiosqueiro Flávio da Silva Gomes, 19 anos, de Capão da Canoa. Segundo ele, galões de 200 litros ainda recolhem a água da pia e um caminhão passa diariamente para sugar o conteúdo, evitando que a água contaminada vá parar no mar.
Flávio Gomes, 51 anos, que trabalha há 17 anos vendendo lanches na beira da praia, afirma que só falta os veranistas colaborarem e não jogarem lixo na areia para que a praia fique realmente limpa. "A nossa parte a gente faz", lembra Flávio Gomes.
(Por Danielle Dalbosco, Diário de Canoas, 09/02/2011)