A situação precária do minizoo do Parque Farroupilha (Redenção), em Porto Alegre, motiva desde a metade do ano passado uma discussão sobre seu possível fechamento. Ontem, uma reunião de duas horas procurou suavizar oposições mais ferrenhas à mudança com o argumento de que “os animais do minizoo precisam de uma vida melhor”.
A frase é da primeira-dama da Capital, Regina Becker. Ela compareceu ao encontro ontem, no Orquidário, do qual participaram usuários e integrantes da administração do Minizoo Palmira Gobbi. Não foi um debate conclusivo. Regina destacou que um avanço foi esclarecer o objetivo da prefeitura.
– Eu acho que consegui fazer com que algums pessoas entendessem. Não é uma remoção sem motivos – define ela.
Entre os principais argumentos estão a poluição inalada pelos animais, o barulho presente quase 24 horas por dia e as más condições das jaulas. À noite, os bichos seriam vulneráveis a agressões e a terem arremessados em seus recintos objetos como cigarros e chicletes. Durante o dia, a vegetação impede a passagem de grande parte da luz solar, o que piora no inverno.
De acordo com a primeira-dama, representantes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) estiveram no local e o reprovaram. Um exemplo é o cativeiro das aves, que deveria ser circular e ter altura suficiente para voos. Já os símios apresentam apatia e irritabilidade, segundo Regina. Melhorias no ambiente custariam mais de R$ 1 milhão, apontou. Nem para servir de exemplo educacional a uma criança o minizoo serviria, afirma Regina:
– Não se pode dizer que uma criança aprende alguma coisa vendo um animal enjaulado. Um pai que usa da justificativa de que ele quer, por meio do minizoo, mostrar para o seu filho uma espécie, ele tem de pensar que mostrando um animal enjaulado ele tem de ser aceito em uma situação como aquela.
As espécies
- Aves como araras, papagaios, gaviões, urubus, pavão, faisão, saracura, mutum-cavalo, marrecas
- Mamíferos com ratões-do-banhado e micos-prego
- Répteis como jabutis
Usuário propõe redução de eventos no parque
Integrante da associação de usuários da Redenção, Roberto Jakubaszko afirmou que a disposição é de manter o minizoo, porém entende o estado ruim em que os animais habitam. Ele elencou algumas medidas que poderiam ser tomadas, como reduzir o número de eventos no parque. Ou que shows e espetáculos ao menos revertessem um valor em contrapartida para o minizoo.
– A preocupação da primeira-dama é pertinente. Agora, a nossa preocupação não é só o minizoo, é a história de Porto Alegre. São gerações que levaram pipoca, amendoim, crianças que hoje são adultas e fizeram parte disso. De repente, podemos perder isso por falta de gente para cuidar – ponderou.
O custo do minizoo é considerado elevado pelo administrador da Redenção, Jorge Pinheiro. Além de alimentação diária, há quatro funcionários e uma veterinária dedicados ao serviço. A opção que a prefeitura sugere é a transferência dos animais para criadouros privados. Uma reforma bancada pela empresa que adotou o parque, a Pepsi, não solucionaria o caso, diz Regina Becker. Isso porque, para aumentar a área do minizoo, seria preciso cortar árvores.
(Zero Hora, 06/02/2011)