O ano de 2011 foi declarado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o "Ano Internacional das Florestas”. A proposta que recebeu o nome de "Florestas para o Povo”, tem o objetivo de chamar a atenção da sociedade mundial para a importância da preservação florestal, a fim de que toda a população possa usufruir de uma vida sustentável no planeta.
A decisão da ONU prevê medidas de conservação e gestão sustentável de todas as florestas do planeta, preservação da biodiversidade, combate ao desmatamento ilegal e à caça, para assim, evitar o agravamento das mudanças climáticas e o impacto sobre a vida das populações. É importante lembrar que o desequilíbrio ambiental causado por mudanças na natureza provocadas pelo homem, já provocou o buraco na camada de ozônio, o aumento da temperatura e de fenômenos como terremotos, tsunamis, furacões e outros.
Para o presidente da rede GTA – Grupo de Trabalho Amazônico, Rubens Gomes, a iniciativa da ONU é "extremamente pertinente e relevante”, já que visa chamar a atenção da sociedade para o fato de que "a vida humana depende das florestas”. "A sociedade não tem interesse em saber sobre as condições ambientais, não busca garantias sobre a boa origem de produtos, se houve trabalho escravo ou degradação ambiental”, avaliou.
Ele comentou que é a sociedade que alimenta a cadeia predatória e a depredação ambiental, através do consumismo exagerado dos mais diversos tipos de produtos. "É fundamental a iniciativa da ONU para ter uma quebra de paradigmas das relações de mercado”, declarou.
Ele disse ainda que a expectativa é a de que haja condição de mudança de comportamento para uma "cadeia produtiva limpa”. "Não podemos permitir que a sociedade continue tolerante com os crimes ambientais. Está na hora de os Estados começarem a mudar isso”, enfatizou. "Lamentavelmente, os governos ainda não se atentaram para essa realidade e não adotaram políticas públicas para a manutenção das florestas”, disse.
Segundo ele, os investimentos para a manutenção e proteção das florestas e dos recursos ambientais ainda são insuficientes. "Precisamos arrumar urgentemente a política florestal”, ressaltou.
No Brasil, que abriga a maior parte da maior floresta do planeta, a Amazônia, "temos carência de lei florestal. Falta fiscalização e controle do desmatamento. Ainda não temos definido um Plano Nacional de Florestas”, citou. A Floresta Amazônica é a maior do planeta com extensão de 5,5 milhões de quilômetros quadrados.
Dados
De acordo com dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, as florestas cobrem 31% da área terrestre total do planeta e são responsáveis por 80% da biodiversidade da Terra. As florestas abrigam 300 milhões de pessoas e são também as responsáveis pela sobrevivência de 1,6 bilhão de pessoas na Terra.
A exploração desmedida dos recursos naturais é o que leva ao desequilíbrio ambiental. Além dos desmatamentos, o consumo elevado de madeira ilegal também é apontado como vilão. Em 2004, o comércio mundial de produtos florestais movimentou 588,8 bilhões de reais.
Entre as atividades que degradam o meio ambiente e provocam impactos negativos na vida das pessoas estão a expansão de pastagens, já que promove a derrubada de matas nativas e a expansão de atividades agrícolas, sobretudo a monocultura e cultivo de transgênicos, que também desencadeiam o desmatamento.
Rede GTA
O Grupo de Trabalho Amazônico (GTA) foi fundado em 1992 e reúne 602 entidades filiadas, entre organizações não-governamentais (ONGs) e movimentos sociais de diversos segmentos. A organização está estruturada em nove estados da Amazônia Legal e dividida em dezoito coletivos regionais.
Mais informações pelo site www.gta.org.br.
(Por Tatiana Félix, Adital, 04/02/2011)